António Macieira, eleito deputado em 1911 pelo círculo de Torres Vedras. Tinha grande influência na freguesia de Dois Portos. Foi ministro, falecendo trágicamente em 1919.
Outra classificação possível das elites políticas republicanas locais , passa pela sua clivagem geracional.
Entre 1905 e 1919 dominou a "elite republicana histórica", muito marcada pela dicotomia "Republica/Monarquia", e pelas divergências que cindiram o velho PRP após o 5 de Outubro, situações que condicionaram a sua acção política. Figura paradigmática dessa geração, em termos locais, foi Júlio Vieira, transportando em si todas essas limitações e contradições.
A partir de 1919 surge uma nova geração republicana, mais pragmática, marcada pela própria evolução que o regime conheceu após o "sidonismo" , isto é :
- pelo afastamento do centro da vida política nacional das principais figuras republicanas, á volta das quais se tinham organizado os primeiros partidos republicanas;
- pelo aparecimento de novas forças políticas;
- pela integração dos monárquicos na vida política legal, derrotadas definitivamente, em 1919, as suas intenções restauracionistas;
- pelo impacto da própria evolução da situação internacional, influenciada por novas ideologias de carácter autoritário e pelo receio provocado pela revolução russa.
Símbolo desta nova geração, em termos locais, foi a figura de Justino de Moura Guedes.
Um terceiro nível de classificação dessas elites republicanos torrienses, relaciona-se com uma certa diferenciação regional quanto à forma de integrar a Republica, sendo detectáveis três zonas do concelho que centralizam em si outras tantas atitudes perante o regime:
- A área sudoeste do concelho, formada pelas freguesias de S.Pedro da Cadeira e S.Mamede da Ventosa, aguerridamente anti-republicana a conservadora, muito marcada pelo analfabetismo e pelo "caciquismo clerical", evidente não só pelas tendências eleitorais dessas freguesias, mas também por ser o centro das mais violentas actividades conspirativas anti-republicanas da região.
- Contrastando com essa, a área leste do concelho, composta pelas freguesias de Dois Portos e Runa, "radicalmente" republicana, onde mais cedo se formou uma comissão republicana neste concelho e terminou dando a única vitória eleitoral da "esquerda republicana" em T.Vedras, nas eleições parlamentares de 1925, podendo explicar-se em parte o seu "radicalismo" :- por ser uma região muito marcada pela extinção, em 1855, do concelho da Ribaldeira, sedado na freguesia de Dois Portos; - por serem as sedes daquelas duas freguesias das poucas neste concelho servidas por comboio, logo mais abertas às novidades políticas vindas de Lisboa; - por uma dessas freguesias, Runa, registar uma das mais baixas taxas de analfabetismo no concelho durante o período estudado; - pela caracterização social do seu eleitorado , como se comprova, no caso da assembleia de Dois Portos, que era constituída por mais de 2/3 dos assalariados agrícolas recenseados no concelho , facto que ganha algum peso se tivermos em conta que era igualmente nesta assembleia onde a percentagem de agricultores por conta própria era a mais reduzida, enquanto, pelo contrário, quase metade de todos os proprietários deste concelho aí se concentravam , situação que talvez seja reveladora de uma acentuada fractura social nesta assembleia, propocionadora de algum radicalismo político dos assalariados rurais; - pela sua proximidade em relação ao Sobral de Monte Agraço, terra natal de França Borges, director d'"O Mundo", onde existia, nas vésperas da implantação da República, um forte núcleo da maçonaria; - pelas ligações a essa região de alguns importantes influentes republicanos, como foi o caso de António Macieira; - pelo peso histórico de aí ter nascido e vivido Henriques Nogueira, percursor do republicanismo em Portugal.
- A terceira "zona" centralizava-se na vila de Torres Vedras, decisiva do ponto de vista eleitoral, centro da administração, funcionando como ponto de equilíbrio entre as várias tendências políticas do concelho, optando pela republica “institucional”, mas permeável às novidades ideológicas e político - partidárias
Quase sempre os novos partidos concorrentes aos vários actos eleitorais encontraram, na mesa eleitoral colocada na vila, a sua maior implantação eleitoral no concelho.
Aqui também a imprensa local encontrou algum terreno para esboçar uma "opinião pública" interessada pela política.
Tal como aconteceu a nível nacional, muitas das clivagens acima detectadas no seio republicano basearam-se, mais do que em grandes rupturas ideológicas, na maior ou menor influência que este ou aquele notável político local conseguia ter junto dos eleitores.
Entre 1905 e 1919 dominou a "elite republicana histórica", muito marcada pela dicotomia "Republica/Monarquia", e pelas divergências que cindiram o velho PRP após o 5 de Outubro, situações que condicionaram a sua acção política. Figura paradigmática dessa geração, em termos locais, foi Júlio Vieira, transportando em si todas essas limitações e contradições.
A partir de 1919 surge uma nova geração republicana, mais pragmática, marcada pela própria evolução que o regime conheceu após o "sidonismo" , isto é :
- pelo afastamento do centro da vida política nacional das principais figuras republicanas, á volta das quais se tinham organizado os primeiros partidos republicanas;
- pelo aparecimento de novas forças políticas;
- pela integração dos monárquicos na vida política legal, derrotadas definitivamente, em 1919, as suas intenções restauracionistas;
- pelo impacto da própria evolução da situação internacional, influenciada por novas ideologias de carácter autoritário e pelo receio provocado pela revolução russa.
Símbolo desta nova geração, em termos locais, foi a figura de Justino de Moura Guedes.
Um terceiro nível de classificação dessas elites republicanos torrienses, relaciona-se com uma certa diferenciação regional quanto à forma de integrar a Republica, sendo detectáveis três zonas do concelho que centralizam em si outras tantas atitudes perante o regime:
- A área sudoeste do concelho, formada pelas freguesias de S.Pedro da Cadeira e S.Mamede da Ventosa, aguerridamente anti-republicana a conservadora, muito marcada pelo analfabetismo e pelo "caciquismo clerical", evidente não só pelas tendências eleitorais dessas freguesias, mas também por ser o centro das mais violentas actividades conspirativas anti-republicanas da região.
- Contrastando com essa, a área leste do concelho, composta pelas freguesias de Dois Portos e Runa, "radicalmente" republicana, onde mais cedo se formou uma comissão republicana neste concelho e terminou dando a única vitória eleitoral da "esquerda republicana" em T.Vedras, nas eleições parlamentares de 1925, podendo explicar-se em parte o seu "radicalismo" :- por ser uma região muito marcada pela extinção, em 1855, do concelho da Ribaldeira, sedado na freguesia de Dois Portos; - por serem as sedes daquelas duas freguesias das poucas neste concelho servidas por comboio, logo mais abertas às novidades políticas vindas de Lisboa; - por uma dessas freguesias, Runa, registar uma das mais baixas taxas de analfabetismo no concelho durante o período estudado; - pela caracterização social do seu eleitorado , como se comprova, no caso da assembleia de Dois Portos, que era constituída por mais de 2/3 dos assalariados agrícolas recenseados no concelho , facto que ganha algum peso se tivermos em conta que era igualmente nesta assembleia onde a percentagem de agricultores por conta própria era a mais reduzida, enquanto, pelo contrário, quase metade de todos os proprietários deste concelho aí se concentravam , situação que talvez seja reveladora de uma acentuada fractura social nesta assembleia, propocionadora de algum radicalismo político dos assalariados rurais; - pela sua proximidade em relação ao Sobral de Monte Agraço, terra natal de França Borges, director d'"O Mundo", onde existia, nas vésperas da implantação da República, um forte núcleo da maçonaria; - pelas ligações a essa região de alguns importantes influentes republicanos, como foi o caso de António Macieira; - pelo peso histórico de aí ter nascido e vivido Henriques Nogueira, percursor do republicanismo em Portugal.
- A terceira "zona" centralizava-se na vila de Torres Vedras, decisiva do ponto de vista eleitoral, centro da administração, funcionando como ponto de equilíbrio entre as várias tendências políticas do concelho, optando pela republica “institucional”, mas permeável às novidades ideológicas e político - partidárias
Quase sempre os novos partidos concorrentes aos vários actos eleitorais encontraram, na mesa eleitoral colocada na vila, a sua maior implantação eleitoral no concelho.
Aqui também a imprensa local encontrou algum terreno para esboçar uma "opinião pública" interessada pela política.
Tal como aconteceu a nível nacional, muitas das clivagens acima detectadas no seio republicano basearam-se, mais do que em grandes rupturas ideológicas, na maior ou menor influência que este ou aquele notável político local conseguia ter junto dos eleitores.
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