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segunda-feira, 16 de março de 2009

ORDENS DO DIA DE BERESFORD - Março de 1809

Na abertura da publicação das “Ordens do Dia” (OD) , Beresford lança uma “Ordem Geral” onde se ”apresenta” como alguém que, antes dessa nomeação, já estudara e conhecia “a fundo a índole e carácter Militar desta Nação”, elogiando os militares portugueses pelos talentos “Militares inherentes aos Portuguezes, aos quaes qualquer ensino, e uniformidade na sua direcção, bastará para mostrarem que elles são hoje o que sempre forão, senão os melhores, ao menos iguaes aos mais valorosos, e intrépidos da Europa”.
Por isso, aquele comandante definia como objectivos do seu cargo procurar “com a maior applicação e desvelo dar”, àquelas qualidades do exército português, “aquella efficacia, e energia, que ellas costumam adquirir, quando são auxilliadas por huma Disciplina bem regulada”.
E para que não restassem dúvidas, pelo facto de aquele cargo não ter sido entregue a um português, declarava-se “hum Official Portuguez” que, aos portugueses, confiava “ a sua honra, e a sua reputação”.
A primeira OD foi lançada do Quartel General do Calhariz, com a data de 21 de Março. Note-se que, nessa data, já se tinha dado a Batalha de Braga, entre 17 e 20 desse mês, que tinha marcado a ofensiva da “segunda invasão” das tropas francesas, comandadas por Soult , as quais, poucos dias depois, a 24 de Março, estavam às portas do Porto.
Nesta primeira OD é nomeado como comandante da artilharia do exército português o brigadeiro José António da Rosa. São nomeados igualmente os “Ajudantes de Ordens “ de Beresford, definindo ainda as divisas e fardamentos dos mesmos.
É ainda declarado que o “lugar de Porta-Bandeira seja considerado lugar de distincção”, recomendando-se, igualmente , aos comandantes de Corpos, que tivessem “a maior attenção, em que os Soldados conservem as Armas em bom estado”.
Na sua OD de 23 de Março faz referência à nomeação de oficiais britânicos para comandar as tropas portuguesas, justificada pelo facto de faltarem oficias portugueses, devido às perdas sofridas, por terem emigrados muitos deles “e por outras causas conhecidas”.
Pelo facto de prever que a tropa portuguesa “poderá muito brevemente achar-se em presença do Inimigo”, ordena ainda correcções e mudanças na forma de organizar o exército em posição de combate.
Na OD de 28 de Março enaltece-se o valor de vários oficiais nos confrontos de Chaves e Braga, bem como dos habitantes do Norte do país que, mesmo tendo os franceses conseguido alguma vantagem, com a conquista de Chaves e Braga, deram provas “do quanto são dignos do nome de Portuguezes , oppondo-se valorosamente a hum inimigo, a quem jurarão eterno ódio”.
Em 30 de Março faz-se um balanço da conquista de Braga pelo “inimigo”, baseada na descrição do barão de Eben, comandante das tropas aliadas naquela região.
Voltaremos a dar conta, em Abril, das informações contidas naquele documento, relativamente a esse mês de há duzentos anos.

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