(fonte: Publico.es)
Os resultados das eleições espanholas foram os previstos: uma derrota histórica dos socialistas e uma vitória esmagadora da direita.
Com a derrota do PSOE, foi varrido o último governo que simbolizava a chamada “terceira via” blairista, que descaracterizou a social-democracia e o trabalhismo europeus e se revelou uma das maiores fraudes ideológicas de sempre.
Rendida aos encantos do mundo financeiro e empresarial, acreditando que era possível domesticar os mercados e incluir a ideologia neoliberal, essa “terceira via” perdeu toda a sua credibilidade e revelou-se socialmente criminosa para as suas bases de apoio, os trabalhadores e a classe média.
Entre a direita pura e dura, mas coerente com essa ideologia neoliberal e a ilusão da imitação reles da “terceira via”, os eleitores da esquerda social-democrata, ou passaram a votar noutros partidos de esquerda, ou desiludiram-se de vez com a política, passando para a abstenção, ou preferiram votar no “original”, isto é, na direita que, essa, mal ou bem, funciona melhor e sem complexos junto do poder financeiro e empresarial e percebe melhor as manhas dos “mercados”.
Foi assim que, país a país, a terceira via de foi desmoronando, na Alemanha, na Inglaterra, em França, na Itália, em Portugal, na Grécia e, agora, em Espanha.
A herança mais grave da ilusão criada pela “terceira via” foi a ideia que ficou de que “é tudo igual” e, no essencial, não existem diferenças entre a governação “socialista” e a da direita, ideia essa que leva ao enfraquecimento da democracia.
Mas o fim do último resquício da “terceira via” europeia vai também obrigar a uma profunda renovação do ideário social-democrata, que já começou a dar frutos na Noruega, na Islândia e na Dinamarca.
Mais a ocidente, a travessia no deserto por parte da social-democracia, levou a uma significativa renovação no partido socialista francês, que, em breve, pode começar a dar frutos, o mesmo estando a passar-se no partido social-democrata alemão e nos trabalhistas britânico. Em Portugal, se bem ainda que de forma hesitante e titubeante, com o peso da sombra do bando socrático, António José Seguro parece querer conduzir o Partido Socialista numa nova direcção.
Pode ser que este estrondoso fim da “terceira via” venha a ser o início de uma nova social-democracia que se coloque ao lado dos trabalhadores e dos cidadãos europeus contra o poder financeiro e empresarial que, por agora, parece dominar toda a Europa, colocando a democracia em perigo.
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