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quarta-feira, 9 de novembro de 2011

A "armadilha da dívida pública"

(Fonte: El Publico)

Acabo de ouvir uma interessante intervenção de Bagão Félix na Antena 1, sobre aquilo que ele designa como a “armadilha da dívida soberana”.

Um dos aspectos mais surpreendentes da sua intervenção prende-se com a revelação de que, se se excluísse o pagamento dos juros incomportáveis da dívida, o orçamento de Estado apresentaria superavit.
Esses juros elevam-se a cerca de 9 mil milhões de euros, muito acima, por exemplo, dos gastos com saúde em Portugal.

Já por cá se sabia que a União Europeia, o FMI e o BCE, nesta questão da dívida, se têm comportado como verdadeiros agiotas. Ainda recentemente um jornal revelava que, só em comissões, a troika iria receber cerca de 600 milhões de euros (curiosamente este facto não mereceu grande atenção por parte dos opinadores do costume!!!).
Se juntarmos as pontas desses dois factos, as comissões milionárias e os juros incomportáveis exigidos aos países em dificuldade, temos de concluir que alguém anda de facto a viver acima das suas possibilidades, mas não são os cidadãos…

Quanto a mim, que não percebo nada de economia, faz-me imensa confusão como é que, em países com a mesma moeda, num espaço económico comum, com um Banco Central Europeu, podem existir tão grandes disparidades entre ao juros para os empréstimos na mesma moeda.
Não devia ser o BCE a comprar a dívida soberana, tudo com o mesmo juro indicado por esse banco, 1,25%, e não os juros incomportáveis que estão a ser impostos à maior parte dos países em dificuldade?

Havendo falta de liquidez entre alguns países da zona euro, não devia ser o BCE a emitir moeda, desvalorizando o euro, com vantagem para quase todos?
Só se percebe a actual irracionalidade, que nos vai levar a todos, portugueses e  europeus em geral (incluindo os alemães..) para o desastre financeiro, económico e social, porque alguns, poucos, beneficiam com esses juros agiotas e com a especulação à volta do valor da moeda.

Enquanto os tão apregoados “mercados” continuarem com caminho livre para as suas malfeitorias, ideologicamente apoiados por uma miríade de comentadores e professores de economia que nos querem convencer que não existe alternativa à ditadura desses “mercados”, politicamente reforçados por decisões irresponsáveis das lideranças europeias que cedem a todas as chantagens desses mesmos “mercados”, o caminho para onde nos conduzem é o do desastre, isto é,o empobrecimento generalizado, a  falência do projecto europeu e, a prazo, o regresso da guerra à Europa…

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