Comemora-se hoje o 61º aniversário do inicio das emissões regulares de
televisão em Portugal.
Tendo nascido pouco mais de um ano antes dessa data, posso dizer que
faço parte da “geração tv”, já que, sempre me lembro da existência desse meio
de comunicação.
Contudo, considero-me mais “filho da rádio” do que da televisão, pois,
até meados da década de 70 as emissões de televisão só se iniciavam no final da
tarde, e, durante todo o dia, a nossa companhia era a rádio.
Enquanto criança, lá em casa não nos deixavam ver televisão depois das
10 da noite, a não ser em dias especiais, nos dias do festival da canção, das
grandes finais do futebol ou em emissões históricas, como a da chegada do homem
à Lua.
Inicialmente lembro-me de ver pela primeira vez televisão nos cafés
locais, nomeadamente no “Sagres”, que ficava na Avenida, a seguir ao “Napoleão”,
onde a família se deslocava regularmente nas tardes de Domingo.
Mais tarde via televisão na casa dos meus avós, também aos domingos,
único dia da semana em que a televisão abria à tarde, entre a programação
infantil e cinematográfica, tudo, recorde-se, a preto e branco, situação que
durou até 1980, também num dia 7 de Março.
Depois, finalmente, os meus pais lá compraram uma televisão para casa,
então um investimento vultoso, pago a prestações.
Então, sem preocupações cronológicas, lembro-me dos filmes de Joselito,
dos clássicos do cinema português, do Feiticeiro se Oz ( a preto e branco,
claro), dos desenhos animados da Disney, do Perna Longa, do Bip.Bip…, de
programas como o ZIP ZIP, dos concursos televisivos, num dos quis a minha mãe
foi uma das concorrentes, tendo ficado em segundo lugar (chamava-se, que me
lembre, “Grande Poeta é o Povo” e era apresentado por Artur Agostinho), dos
grandes jogos do futebol europeu, do mundial de 1966, dos Jogos Olímpicos (os
de Tóquio em 1966 são os primeiros de que me lembro), das “conversas em família”
de Marcelo Caetano, das sempre emocionantes edições em directo da missão Apolo,
dos grande funerais de figuras publicas, como o de Salazar, dos Festivais da
Canção e das emissões (em diferido) dos Óscares.
Apesar de tudo, as minhas memórias desses tempos são mais radiofónicas
do que televisivas, como aconteceu com o 25 de Abril.
Enfim, nasci com a televisão, mas a minha memória partilho-as com outros
meios de comunicação como a rádio, as revistas, ou os jornais.
Hoje a televisão é cada vez mais ruido do que (in)formação, com a
honrosa excepção dos canais públicos.
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