A direita portuguesa tem andado muito activa nas últimas semanas.
“Ele” foi a Convenção do MEL (Movimento Europa e Liberdade)!
“Ele” foi o 3º Congresso do Chega!
Em ambos os eventos, a direita assumiu um discurso cada vez mais
extremista, intolerante e arrogante.
Para o país, nem uma ideia nova.
Sobre o Chega estamos “falados”, já sabemos ao que vem, assumindo-se
como partido extremista da direita, no próprio discurso do líder, xenófobo nas atitudes, que
vem para “limpar o país”, sabendo nós o que representa essa “limpeza”.
Da Convenção do MEL esperava-se um pouco mais, mas o que ficou foi o
branqueamento e a recuperação do salazarismo, pela mão de uma “eminente”
historiadora, Fátima Bonifácio, foi o ressuscitar de Passsos Coelho e do ir
“além da Troika”, e foi a “normalização” do CHEGA.
Não deixa de ser curiosa a recuperação da figura de Salazar numa
convenção que se intitula da “Europa” e da “Liberdade”, se nos lembrarmos que
Salazar foi o construtor e o símbolo da mais longa ditadura da nossa história
nos últimos cem anos e o defensor do “orgulhosamente sós”.
Apelidar o movimento que defende tais ideias de “Europa e Liberdade”,
faz lembra as velhas designações de
Repúblicas “Democráticas” e “Populares” dos regimes ditos “comunistas” do leste
ou da actual Coreia do Norte.
Não se ouviu uma palavra sobre o que essa gente pensa dos problemas do
país: a crise da habitação, os salarios baixos, a precariedade do emprego, as
desigualdades socias, a corrupção. Quanto muito, mas de forma dissimulada,
defendeu-se a redução ou mesmo a total ausência do Estado na educação e na saúde, com a
privatização de tudo, menos da justiça e da segurança, a entregar à “gente de
bem”.
O silêncio sobre essas questões contrastou com o “ruído em surdina” à
volta do sebastianismo de Passos Coelho, atitude que é suficiente para ficarmos
a conhecer, nas entrelinhas do endeusamento do ex-primeiro-ministro, o
“programa” social para o país: o revanchismo do “mais do mesmo”, do “ir além da troika”, ou seja, privatização
do Estado, entregue à gestão de amigos e “empresários de bem”, brutal aumento
de impostos para as classes médias, esmagamento dos direitos sociais, cortes
salariais, precariedade do emprego, substituição da solidariedade social pela
caridadezinha, total submissão aos ditames do corrupto sector financeiro, pois
esse foi, até agora, em democracia, o único programa executado pela direita mais consequente, a do
“passos-coelhismo” (o outro "programa" conhecido foi o do salazarismo).
Por último, a terceira “cereja” no "pote" do MEL, a promoção de André Ventura e do seu
discurso assumidamente extremista no seio da família da direita, contrastando
com o desprezo demonstrado pelas posições moderadas da direita, representadas
por Rui Rio, um dos bombos dessa “festa”.
Da direita sobra pouco “mel” e destila-se, cada vez mais, muito “fel”!
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