Ainda não tomei uma decisão definitiva sobre o meu sentido de voto para
o Parlamento Europeu.
Percebo o desinteresse geral por este acto eleitoral, em parte porque o
Parlamento Europeu, que é o único órgão politico democraticamente legitimo da
União Europeia, detém muito pouco poder, está muito longe dos cidadãos
(começando pelo nível salarial e pelos privilégios descarados dos deputados) ,
quando toma decisões está, geralmente, ao lado dos interesses mais poderosos
contra o interesse dos cidadãos que diz representar, sem esquecer que o peso
dos deputados eleitos por Portugal, cerca de 20, mesmo que agissem em conjunto,
é esmagado pela dimensão numérica desse mesmo parlamento.
Os números da abstenção aí estão para mostra que os cidadãos não sentem
que esse parlamento os representa.
O problema é que, de facto, esse parlamento detém mais poder que os
parlamentos nacionais, impondo-se a estes em muitas decisões que influenciam a
vida dos cidadãos europeus e, apesar de tudo, ainda é a única instituição onde
algumas vozes de protesto podem colocar na agenda das elites europeias as
preocupações desses mesmos cidadãos.
Por outro lado, é preciso perceber que a abstenção, tal como o voto
nulo e branco, não tem qualquer peso prático e apenas contribui para aumentar o
peso de quem vota, beneficiando os partidos com mais votos expressos e
contribuindo para tornar relevante candidaturas irrelevantes.
Uma abstenção (ou um voto nulo ou em branco) faz com que o voto de quem
vai às urnas valha sempre mais. Se a abstenção ultrapassar os 50% , então quem votar vê o seu voto valer
por dois.
Assim, apesar de tudo, e tendo em conta que esta ainda é a única forma
dos cidadãos europeus manifestarem o seu desejo ou o seu protesto em relação ao
projecto europeu, e tendo em conta que, pelo menos em Portugal, existem
partidos concorrentes de todas as tendências e para todos gostos, a abstenção
só vai contribuir para dar peso a tudo aquilo que mais detestamos e só vai
contribuir para reforçar o peso de partidos com os quais não nos identificamos.
Sendo assim, é importante votar, nem que seja com um voto de protesto.
Pessoalmente, ainda não decidi o sentido do meu voto, mas já sei para
onde não vai o meu voto:
- não vai para a extrema direita (PNR e Basta), nem para o populismo
(Nós, PURP e PDR);
- também não vai para a extrema esquerda (PCTP/MRPP);
- não vai para partidos populistas de esquerda (PTP e MAS)
- não vai para partidos assumidamente neoliberais (Aliança e Iniciativa
Liberal);
- por uma questão de valores e princípios, também não vai para direita
(PSD e CDS), ainda por cima porque estes partidos integram uma tendência no
Parlamento Europeu (PPE) que, para além de integrar tendências mais de extrema
direita do que de direita (como o partido do húngaro Órban), apresenta como
candidato a presidente da Comissão Europeia uma figura tenebrosa como o
sr.Manfred Weber, uma das figuras que mais tentou humilhar Portugal no tempos
da troika, e não só, ainda mais papista que Merkel;
- embora me identifique mais com o actual PS do que com o “PS do
costume”, parece-me que é o “PS do costume” que está de regresso nesta campanha
eleitoral, e por isso o meu voto também não vai para esse partido, até porque ainda tem no seu seio muita "tralha" socrática e, no grupo europeu, muita "tralha" da "terceira via" neoliberal que se infiltrou na social democracia e no trabalhismo europeu.
Sobram como hipóteses de voto, pela minha parte, O PAN, o Bloco de
Esquerda, O Livre e a CDU.
Por agora apenas “só sei por onde não vou”.
A decisão, provavelmente, só a vou tomar à boca das urnas
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