Tem sido triste e revoltante de ler, ouvir e ver a reacção
da maior parte dos comentadores e jornalistas de plantão acerca do
reconhecimento da contagem do tempo de serviço dos professores pelo Parlamento.
A maior parte revela uma grande e vergonhosa falta de escrúpulos,
misturando má fé e meias verdades ou nem se dando a esse trabalho, ficando-se
pela mentira pura e simples.
A maior parte revela uma grande dose de intolerância em
relação às justas reivindicações dos professores.
Nalguns casos percebe-se essa raiva, contida a custo nos
últimos tempos, mas que tem sido
constante e coerente, por parte dessa gente, os “fazedores de opinião”, pelo
menos desde os tempos da malfadada Maria de Lurdes Rodrigues.
Muitos não sabem o que é investigar ou estudar um assunto,
confundindo opinião e dom da palavra com aquele que devia ser o seu trabalho:
esclarecer e informar.
Ao esclarecimento público, que devia ser apanágio da sua
profissão, sobrepõem preconceitos ideológicos e mera acção de propaganda em
prol do estafado discurso “austoritário”.
Muita dessa gente, paga a peso de ouro para debitarem tanto
disparate preconceituoso e propagandístico, (recebem ao fim do mês muito mais
que qualquer professor no topo da carreira) são os mesmos que andaram a
justificar as criminosas medidas antissociais dos tempos da troika.
Essa gente é a mesma que, depois, se vem lamentar das “fake
news” e do peso das redes socias.
Esquecem-se que foram eles os primeiros, com todo o seu
discurso de intolerância, de meias
verdades, de falta de rigor, de má fé, preconceituoso, que legitimaram a maior
parte dos discursos debitados nas redes socias que reproduzem a mesma
intolerância, preconceito ideológico, falta de rigor.
Bastava terem lido com atenção as duas únicas reportagens jornalísticas
dignas desse nome, e evitariam descredibilizarem-se como jornalistas com tanto
disparate debitado na comunicação social nos últimos dias.
Refiro-me às reportagens de Pedro Sousa Tavares (“A guerra
que abre caminho à paz nas escolas no fim das aulas” e “O que implica a
devolução do tempo de serviço?”) e de Maria Caetano e Paulo Ribeiro Pinto (“Os
números explicados”) publicadas nas páginas do único jornal sério que se
publica, o “Diário de Notícias”, na sua edição do passado Sábado dia 2 de Maio.
Aliás, não deixa de ser curioso que a maior parte do
trabalho de investigação publicado por Pedro Sousa Tavares, quase todo na área
da educação, desminta os dislates do seu pai, o “comentadeiro” Miguel Sousa
Tavares, sobre o mesmo tema. Ao que parece este último coloca o seu ódio visceral
contra os professores à frente do rigor jornalístico. Bastava informar-se junto do filho para não debitar tanto disparate.
Mas vamos à inverdade, meias verdade e má fé debitada por
aquela gente e desmentida naquelas reportagens:
“Os professores não podem ser privilegiados em relação à
restante função pública e o reconhecimento da necessidade de negociar futuramente
o reconhecimento dos anos de serviço congelados abriria a arca de pandora”: - MENTIRA!
A “árvore de pandora” já foi aberta há muito tempo quando o
governo reconheceu e devolveu o tempo congelado a toda a função pública, MENOS nas chamadas carreiras especiais
(Professores, Forças de Segurança e Magistrados). Ou seja, os "privilegiados" foram outros;
“O professores não podem ser privilegiados em relação a
outros trabalhadores que tiveram cortes nos salários, aumento de impostos e
ficaram desempregados”: FALÁCIA e MEIA VERDADE!
Os professores, além do congelamento do tempo de serviço
também sofreram grande cortes salariais e aumento de impostos (são dos poucos,
juntamente com o resto da Função Pública, que nunca podem fugir ao pagamento total
de impostos) e, se não se registou oficialmente desemprego, oficiosamente, com
a forma como empurraram muitos professores para a reforma antecipada, em
situação muito desvantajosa, e como foi reduzido o número de professores que
entravam anualmente por concurso, houve uma redução drástica do número de professores,
uma forma artificial de desemprego, aumentando a precarização da profissão,
principalmente entre os mais novos, ou o empobrecimento dos mais velhos pela
forma como foram calculadas as reformas.
“A contagem do serviço congelado colocaria automaticamente metade dos professores no último escalão, onde ganham mais de 3 mil euros mensais, porque
a progressão é automática” : MEIA-VERDADE, FALÁCIA E MENTIRA.
A progressão na carreira já não é automática e obedece a um
rigoroso sistema de avaliação, pelo menos desde 2010. No último escalão o
ordenado é superior a 3 mil euros mas a maioria dos professores pagam logo à
cabeça descontos para IRS, ADSE e CGA, recebendo pouco mais de 2 mil euros.
Muitas outras falácias e mentiras temos ouvido nos últimos
dias, mas ficamo-nos por aqui, tentando demonstrar a falta de honestidade
intelectual de uma parte considerável de “opinadores” e “jornalistas”.
Depois admirem-se das “fake news” e da decadência do
jornalismo!
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