Por ironia do destino, ou talvez não, o Dia da Europa, que ontem se
comemorou, ficou marcado pela aparição conjunta de Durão Barroso e Passos
Coelho numa iniciativa da Universidade Católica ( a tal que está isenta de
pagar os impostos pagos pelas outras universidades…) para assinalar o Dia da
Europa.
Não deixa de ser curioso que ambos tenham revelado uma “grande
preocupação” pela ascensão dos “populismos” na Europa e se tenham apresentado
como “moderados”.
À frente da Europa, Durão Barroso foi uma das figuras que mais
contribui para o descrédito do projecto europeu e para o afastamento dos
cidadão desse projecto, pela forma como impôs uma austeridade que favoreceu os “mercados”
e o corrupto sistema financeiro, em detrimento da qualidade de vida dos
cidadãos europeus.
Durão Barroso, o “moderado” , é o mesmo que teve um dos mais indignos
actos de falta de ética quando, depois de, em boa hora, ter abandonado a
presidência da Comissão Europeia, ter entrado de imediato ao serviço de uma das
instituições financeiras que mais beneficiou com a austeridade antissocial que
ele defendeu enquanto exerceu aquelas funções.
Durão Barroso foi um dos rostos mais poderosos das medidas tomadas pelas
várias “troikas” contra o bem-estar e os direitos sociais dos cidadãos europeus
(principalmente na Grécia, em Portugal e na Irlanda, mas também, de forma menos
visível, na França, na Itália e nalguns países do leste), contribuindo com
ninguém para a ascensão do populismo de extrema-direita que assola o espaço
europeu.
Ao tentar pôr no mesmo saco do estafado “populismo” todos os que
criticaram as medidas antissociais tomadas durante o seu mandato e aqueles
outros que impõem uma agenda de extrema-direita, alimenta a confusão que mais
tem contribuído, para a ascensão do verdadeiro populismo, sem esquecer que
foram os partidos da família politica de Barroso que legitimaram o discurso da
extrema direita ao adoptarem muitas das reivindicações desses mesmos partidos.
E já agora, tendo em conta que uma das situações que mais tem sido
explorada, de forma demagógica, por esses populismos, a questão da emigração,
convém recordar que grande parte desses migrantes fogem das guerras e dos
conflitos que foram fomentados, entre outros, por Durão Barroso, um dos rostos
da célebre cimeira das Lajes que levou à Invasão do Iraque, ou durante o seu
mandato, como aconteceu como o apoio irresponsável à “Primavera árabe” que
conduziu à situação na Líbia e na Síria.
Quanto a Passos Coelho, foi um mero executante e colaboracionistas das
acções socialmente criminosas da “troika” em Portugal, indo mesmo “além da
Troika”, com todas as consequências sociais, económica e financeiras que são
conhecidas.
Comemorar o “Dia da Europa” com aquelas duas figuras é a melhor maneira
de dar mais uma machadada no ideal europeu.
Para a "festa" ser completa, só por lá faltaram Portas e Cavaco.
É caso para dizer que, com “amigos” como esses, o projecto Europeu não
precisa de inimigos!
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