O voto em Bolsonaro foi um voto de desespero, medo e indignação, mas ,
acima de tudo, um voto irracional.
Mas, ao contrário de Trump, Le Pen, Órban ou Salvini, Bolsonaro não
disfarça as suas ideias fascistas.
Beneficiou do silêncio a que se remeteu durante a campanha, e usou a
seu favor, o desespero, o medo, a indignação dos brasileiros contra a corrupção
que mina a democracia deste país.
Esse é o alimento do fascismo e
do populismo. Está tudo explicado nos manuais de História.
Os 50 milhões que nele votaram não são, na sua esmagadora maioria,
fascistas.
Por isso, acredito, quando Bolsonaro começar a abrir a boca, e
esperamos que o faça muitas vezes durante as próximas três semanas, quando for
confrontado com as soluções que [não] tem para o Brasil, muitos que usaram a votação
em Bolsonaro como voto de protesto vão acordar para a realidade, esperemos que
ainda a tempo de alterarem o seu sentido de voto, nem que seja para o voto nulo
ou em branco.
Claro que a alternativa é problemática.
Pessoalmente teria votado Ciro Gomes na primeira volta.
Mas Haddad, tendo a seu desfavor a sua ligação a Lula e a um PT
identificado com a corrupção, não é Lula nem está envolvido, que se saiba, na
onda de corrupção que varreu toda a classe politica brasileira, diga-se, em
abono da verdade, da direita à esquerda.
Haddad, pelo contrário, está ligado ao lado positivo dos primeiros
governos do PT, que conduziram o Brasil a um raro e curto período de
desenvolvimento e pacificação.
Haddad também está ligado à ala liberal e moderada do PT e é, por isso,
das figuras com melhores condições para atrair eleitorado ao centro e de outros
candidatos democráticos .
Apesar da recente imagem negativa da esquerda no Brasil, não só por
culpa dos erros do PT, mas também pela imagem da vizinha Venezuela, governada
por um cretino ignorante que, ao classificar-se de “esquerda”, é uma vergonha para toda a
esquerda, Haddad não é Maduro.
Acredito que os brasileiros vão perceber a tempo o beco sem saída onde
se arriscam a cair se elegerem Bolsonaro.
E, ao mesmo tempo, Haddad é o melhor candidato que o PT podia
apresentar para renovar a esquerda brasileira e fazer pontes com a sociedade democrática
brasileira.
A maioria dos 50 milhões de brasileiros
que votaram Bolsonaro na primeira volta, ainda vão a tempo de salvar a
democracia e de mostrarem que, apesar da indignação, não são ignorantes nem
fascistas.
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