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quinta-feira, 4 de outubro de 2018

WebSummit em Portugal por dez anos…e por 110 milhões de euros!



Se fizerem um inquérito a administradores e grandes accionistas dos bancos, mais aos grandes empresários e aos grandes accionistas dessas empresas e aos participantes do WebSummit, perguntando-lhes se defendem uma maior intervenção do Estado na economia, de certeza que 90% ou mais dos inquiridos vão responder com um rotundo não.

Pela minha parte, privado é privado, público é publico e só aceito que os meus impostos sejam colocados ao serviço das actividades sociais a que um Estado se obriga, como a segurança, a educação, a saúde, a justiça, os transportes, a habitação,  e o funcionamento da democracia, para além de medidas de combate à pobreza e às desigualdades, embora aceite que possam ser partilhadas, com condições bem definida, por privados.

Penso também que, quanto muito, as empresas e iniciativas privadas só podem exigir do Estado que tome medidas para incentivar as empresas através de uma justiça e de uma legislação que lhes desburocratize a  actividade, crie medidas fiscais que incentivem as actividades essências à economia de um país e que garanta um bom sistema de transportes.

Infelizmente não é isso que tem acontecido.

Ainda recentemente vimos,em Portugal, mas também uma pouco por toda a Europa, como os cidadãos e os Estados, através dos impostos destes, da desvalorização do factor trabalho e da retirada de direitos aos cidadão, foram obrigados a salvar bancos e empresas privadas.

Agora anuncia-se que, mais uma vez, o Estado vai garantir a realização de um evento privado a um custo exorbitante, o qual se tem de juntar todos os custos que o sector público tem de garantir durante a realização do evento (policiamento, manutenção dos espaços, saneamento, etc., etc.) cujo retorno não está provado que venha a cobrir aqueles valores exorbitantes.

Anuncia-se ainda, acrescentando àquele custo, uma discutível intervenção urbanística num espaço já de si superlotado e cada vez mais descaracterizado (e sujo!).

Quando o WebSummit saiu de Dublin,  custava àquela cidade cerca de 700 mil euros por ano.A sua saída de Dublin nenhum impacto teve no desenvolvimento tecnológico da Irlanda. Antes pelo contrário, desde então Dublin e a Irlanda  viram o seu estatuto de paraíso da tecnologia crescer imenso.

Munique não ofereceu mais de 850 euros para atrair para essa cidade o evento.

Só Barcelona ofereceu mais do que Lisboa, levando-nos a  desconfiar da razão pela qual os realizadores daquele evento escolheram “perder” 6 milhões por ano vindo para Lisboa.

Talvez porque, rompendo com o normal do contrato, realizado a três anos, Lisboa tenha proposto um contrato a …10 anos!...e outras contrapartidas, uma delas, a única conhecida, o investimento no espaço do evento pago pelo Estado.

Em dez anos muita coisa acontece, não só na economia mas principalmente numa área como a tecnologias de informação, por isso a WebSummit, dominada por administradores que defendem uma redução do Estado na economia, têm o seu futuro garantido…à custa do Estado português!

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