Se fizerem um inquérito a administradores e grandes accionistas dos
bancos, mais aos grandes empresários e aos grandes accionistas dessas empresas
e aos participantes do WebSummit, perguntando-lhes se defendem uma maior intervenção do Estado na
economia, de certeza que 90% ou mais dos inquiridos vão responder com um
rotundo não.
Pela minha parte, privado é privado, público é publico e só aceito que
os meus impostos sejam colocados ao serviço das actividades sociais a que um Estado
se obriga, como a segurança, a educação, a saúde, a justiça, os transportes, a
habitação, e o funcionamento da
democracia, para além de medidas de combate à pobreza e às desigualdades, embora aceite que possam ser partilhadas, com condições bem definida, por privados.
Penso também que, quanto muito, as empresas e iniciativas privadas só
podem exigir do Estado que tome medidas para incentivar as empresas através de
uma justiça e de uma legislação que lhes desburocratize a actividade, crie medidas fiscais que
incentivem as actividades essências à economia de um país e que garanta um bom
sistema de transportes.
Infelizmente não é isso que tem acontecido.
Ainda recentemente vimos,em Portugal, mas também uma pouco por toda a
Europa, como os cidadãos e os Estados, através dos impostos destes, da
desvalorização do factor trabalho e da retirada de direitos aos cidadão, foram obrigados a salvar bancos e empresas privadas.
Agora anuncia-se que, mais uma vez, o Estado vai garantir a realização
de um evento privado a um custo exorbitante, o qual se tem de juntar todos os
custos que o sector público tem de garantir durante a realização do evento
(policiamento, manutenção dos espaços, saneamento, etc., etc.) cujo retorno não
está provado que venha a cobrir aqueles valores exorbitantes.
Anuncia-se ainda, acrescentando àquele custo, uma discutível intervenção
urbanística num espaço já de si superlotado e cada vez mais descaracterizado (e
sujo!).
Quando o WebSummit saiu de Dublin,
custava àquela cidade cerca de 700 mil euros por ano.A sua saída de
Dublin nenhum impacto teve no desenvolvimento tecnológico da Irlanda. Antes pelo
contrário, desde então Dublin e a Irlanda viram o seu estatuto de paraíso da tecnologia
crescer imenso.
Munique não ofereceu mais de 850 euros para atrair para essa cidade o
evento.
Só Barcelona ofereceu mais do que Lisboa, levando-nos a desconfiar da razão pela qual os realizadores daquele
evento escolheram “perder” 6 milhões por ano vindo para Lisboa.
Talvez porque, rompendo com o normal do contrato, realizado a três anos,
Lisboa tenha proposto um contrato a …10 anos!...e outras contrapartidas, uma
delas, a única conhecida, o investimento no espaço do evento pago pelo Estado.
Em dez anos muita coisa acontece, não só na economia mas principalmente
numa área como a tecnologias de informação, por isso a WebSummit, dominada por
administradores que defendem uma redução do Estado na economia, têm o seu futuro
garantido…à custa do Estado português!
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