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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

FIM DOS FERIADOS E DEMAGOGIA...


Se Portugal produzisse tanto como o que produz em demagogia barata, eramos um país rico.
A moda demagógica mais recente tem como tema o peso dos feriados na economia e a consequente proposta para a extinção dos mesmos.
Há até quem avance “estudos” e números: segundo estes, cada feriado custaria a “módica” quantia de 34 milhões de euros…
O curioso é que, quando da última Greve Geral apontava-se o custo de …740 milhões de euros por um dia sem trabalho.
Mesmo que considerássemos esses números credíveis e sérios, como se explica o desfasamento entre o valor de dois dias de trabalho, um “recuperado” com a abolição do feriado, outro o “custo” de um dia de paralisação por greve?.
Mas há mais: em primeiro lugar aquele número astronómico do custo da greve, tomava em consideração, em primeiro lugar, a hipótese de uma paralisação do país em 100%, depois tomava por base a média diária da divisão do PIB anual por dias de trabalho.
Provavelmente quem procurou tirar a conclusão de que a Greve Geral teria aqueles custos não deve estra habituado a trabalhar. Como toda a gente que trabalha sabe, em vésperas de uma paragem do trabalho, é costume uma antecipação para deixar tudo pronto antes da interrupção, ou então, o que se deixa de fazer por causa de uma qualquer paralisação, obrigará a um esforço suplementar quando se retoma o trabalho.
Além disso, uma média é isso mesmo, há dias em que aquele número pode duplicar ou triplicar, e outros em que aquele número será bastante mais reduzido…
A mesma “verdade” aplica-se ao hipotético valor dos custos dos feriados.
Contudo, durante qualquer paralisação, por greve, feriado, ou por qualquer outro motivo, existem ganhos que, curiosamente nunca são contabilizados: menos gastos energéticos e os ordenados que não se pagam no caso das greves, sectores que beneficiam economicamente com o tempo de lazer, no caso dos feriados.
Já agora, há quem associe os feriados às “pontes”. Também neste caso há muita demagogia à mistura. Em primeiro lugar não é liquido que um trabalhador, da função pública ou não, a possam  fazer com tanta facilidade, com se diz. Um pedido para faltar num dia que faça ponte está, desde há muitos anos, fortemente dificultado. Por outro lado, se conseguir autorização para gozar esse dia, é à custa de um dia de férias. Por isso não sei onde está o problema. Curiosamente os únicos casos que conheço de pessoas que sistematicamente fazem pontes, trabalham no sector privado, em grandes empresas, geralmente multinacionais…
Também existe outro princípio demagógico no meio de toda esta discussão: a de que se trabalha poucas horas ou que, aumentando o tempo de trabalho, se aumenta a produção.
Em primeiro lugar, basta olhar para as estatísticas par se ver que Portugal é um dos países onde se trabalha um maior número de horas, muito mais do que na Alemanha, por exemplo.
Depois, com as novas tecnologias, consegue produzir-se muito mais, e com vantagens, trabalhando menos horas.
O problema que se põe é na gestão do tempo de trabalho. A má qualidade da maior parte da gestão empresarial, essa sim, é responsável pela fraca produtividade do trabalho em Portugal.
Curiosamente (ou não) os demagogos que passam a vida a defender mais trabalho (de preferência  com menos salários) são quase todos administradores e gestores das maiores empresas do país e/ou ocupam ou ocuparam cargos importantes na gestão do país…ou seja, são os principais responsáveis pela má gestão que provoca a falta de produtividade no país…
Por último, está na moda mandar com uns números em milhões para impressionar o “zé pagode” que, quanto muito talvez tenha visto uma vez na vida uma nota de cem euros, para justificar a necessidade de cada vez mais austeridade, mas esquecem-se de dizer(ou, pelo menos procuram desvalorizar a situação) que, dos 70 mil milhões que a “troika” nos vai “emprestar”, e que serão pagos num prazo muito curto, 12 mil milhões vão para a banca, 34 mil milhões para pagar os juros altíssimos e 600 milhões são para pagar as “comissões” aos homens da “troika”…
Por tudo isto parece-me, no mínimo demagógico, no máximo revelador  de uma grande ignorância histórica e cultural por parte dos nossos políticos e alguns comentadores,  a defesa no corte de alguns feriados, como o 5 de Outubro ou o 1º de Dezembro, já para não falar no 25 de Abril ou no  1º de Maios que parecem estar na mira de alguns…

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