Tem hoje lugar o referendo escocês que decide da independência ou não daquele país da Grã Bretanha.
Não deixa de ser curiosa a posição dos burocratas europeus, ameaçando a Escócia e os escoceses, caso optem pela independência.
A Comissão Europeia e a sua burocracia, fiéis serventuários do poder financeiro, sempre tiveram pavor pelas decisões democráticas dos seus cidadãos, cedendo apenas na eleição de um inócuo Parlamento Europeu, com poderes reduzidos.
Não deixa também de ser curiosa essa posição de pura chantagem contra os eleitores escoceses, se tivermos em conta a forma como a União Europeia apoiou que se retalhassem as fronteiras do leste do continente, ou a sua posição sobre a desintegração da Jugoslávia e a divisão, no seu próprio seio, da Checoslováquia.
Dois pesos e duas medidas que só revelam a desorientação dos políticos que nos governam, esquecidos que estão de um dos pilares da construção europeia, o da Europa das regiões, abandonada à voragem da especulação financeira e dos programas de "ajustamento".
Seja qual for o resultado, a União Europeia é já a grande derrotada deste referendo.
Não deixa igualmente de ser curioso e até divertido observar a argumentação dos conservadores britânico de Cameron contra os independentistas escoceses, quando muitos dos argumentos destes contra o domínio central britânico não diferem muito dos argumentos que o próprio Cameron usa demagogicamente contra a integração Europeia.
Também aqui, seja qual for o resultado, Cameron é já o grande derrotado, mas, mais do que ele, sai derrotada a herança politica thatcheriana, que contribuiu para acentuar o sentimento independentista escocês, já que a grande crise social em que a Grã-Bretanha mergulhou desde então, seguida pela demagogia "trabalhista" de Tony Blair, se fez sentir em larga escala na Escócia, a única região britânica que até hoje se mantém politica e coerentemente na oposição às políticas neoliberais implementadas desde então.
Seja qual for o resultado, é a democracia e a cidadania que saem reforçadas sobre a demagogia anti-democrática das actuais elites políticas europeias.
Para saber mais sobre o referendo escocês e sobre os seus efeitos, podem consultar o dossier do Público ,clicando no respectivo título.
O Expresso, por seu lado, inclui uma resenha das primeiras páginas dos jornais britânicos de hoje, onde se reflecte o dia histórico de hoje, que pode ser vista AQUI.
Podem também seguir, minuto a minuto, o que se passa na Escócia, ao longo deste dia do referendo, no The Guardian ou no Libération, clicando no título.
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