No dia em que se
comemora o 75º aniversário da invasão da Polónia pelos nazis (logo seguida pela
invasão do leste desse martirizado país pelas forças soviéticas de Stalin, é
bom recordar), e quando se comemora, igualmente, o centenário do início da
Primeira Guerra Mundial, quando se julgava que a guerra na Europa era mera
curiosidade histórica, voltam a rufar os tambores da guerra no velho
continente.
O mês de Agosto foi
fértil em acontecimentos preocupantes.
Dois governos de cariz neofascista
e autoritário, o Ucraniano e o Russo, que assentam o seu poder na manipulação
da opinião pública, no crescimento do militarismo, na repressão e humilhação
das oposições, no desrespeito pelos mais elementares direitos humanos, apoiados
financeiramente por oligarcas mafiosos que cresceram à sombra do apodrecimento
dos restos da antiga União Soviética, digladiam-se no leste empobrecido da
Ucrânia.
E o mais grave de tudo
é que, no ocidente, não se vêem forças independentes, capazes de mediarem o
conflito ou de condenarem com veemência as duas facções mafiosas em confronto.
Pelo contrário, tomam partido por uma das facções, armam-nas e financiam-nas,
em conivência pelos crimes contra a humanidade, já concretizados ou que se irão
acentuar com o agravamento do conflito, cometidos por ambos os lados, como o
abate de um avião civil de passageiros, o desfile humilhante de prisioneiros de
guerra, ou o bombardeamento de cidades onde vivem milhares de civis, para além
de várias atrocidades cometidas por milícias de ambos os lados.
Também o médio-oriente,
aqui mesmo à porta, está a ser sujeito a conflitos onde se cometem as mais
atrozes barbaridades que envergonham toda a humanidade.
E, mais uma vez, a
passividade da comunidade ocidental, a irrelevância da ONU (desmantelada,
diga-se em abono da verdade, por Bush e Tony Blair no inicio deste século, para
justificar intervenções ilegais dos seus governos no Iraque e noutras zonas,
política aliás continuada recentemente pela NATO na Líbia), os erros e a incompetência
das acções ocidentais nessa região (Palestina, Iraque, Líbia e Síria e, em
breve, Irão…) colocam aquela região a ferro e fogo, para sofrimento de
milhares, senão milhões de habitantes.
Se a tudo isto
juntarmos uma crise financeira a ser paga pelos cidadãos europeus que trabalham
e cumprem com as suas obrigações e que mergulha a Europa numa situação de
empobrecimento acentuado, uma crise sanitária em África que em breve se
estenderá ao ocidente e a crescente corrupção de políticos e o domínio crescente
do poder financeiro sobre as decisões democráticas, para além da
irreversibilidade, atingida em meados de Agosto, da crise ambiental, estão
lançados todos os ingredientes para transformar o mundo de hoje e o seu futuro
próximo numa imenso desastre humanitário sem retorno.
Enfim, com esta imagem
pessimista iniciamos mais uma época de trabalho.
Esperando que as mais
negras previsões não se concretizem, daqui desejamos a todos um bom regresso à
realidade…
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