Uma das vantagens de António José Seguro em relação a António Costa
consistia no seu afastamento coerente da
política “socrática”, à qual ele se tinha oposto de modo firme e
continuado ao longo do consulado de José Socrates.
Mas foi aí que residiu também o seu “calcanhar de Aquiles”, pois, não
só não se demarcou suficientemente do legado do pior governo do PS, deixando
que o “polvo” socrático recuperasse o seu peso dentro do partido, como, ficando
enredado na contradição entre fazer esquecer o
vergonhoso passado recente do último governo do PS e não hostilizar os
barões do PS, acabou por ficar isolado.
António Costa, por seu lado, conseguiu reunir à sua volta toda a gente
com ambições no carreirismo político, as várias facções do dito partido e o
apoio descarado de toda a tralha socrática.
Ao mesmo tempo, António Costa não se comprometeu com nada, continua vago
quanto ás suas intenções em relação às políticas “austeritárias” impostas pela
União Europeia (isto é, por Durão Barroso e Merkel) que estão a arruinar o
tecido social e económico do país, entregando-o à voragem dos especuladores
financeiros, não explica como vai encarar o problema do deficit e da dívida, a
recuperação do tecido social e dos direitos sociais, a salvação dos serviços
públicos (educação, justiça, saúde…) ou o combate aos especuladores financeiros e às decisões da troika.
António Costa nunca se demarcou das políticas de Sócrates, e sobre elas
teve sempre a opinião do “NIM”.
Com uma retórica demagógica brilhante, foi visível a sua falta de projectos, a não ser o de chegar ao poder,
nos debates que mantinha no programa
“Quadratura do Círculo”. Nesse programa a honra de fazer, de forma coerente e continuada, oposição ao modelo
austeritário Europeu, por cá iniciado por Sócrates e continuado, de forma mais
irresponsável e gravosa por Passos Coelho, coube a Pacheco
Pereira, militante do PSD. Era já óbvio, nesses debates, pela fuga à clareza de
ideias, ao cuidado com que comentava os temas, sem se comprometer, qual era o
objectivo de António Costa, objectivo esse que desde ontem inicia a sua
caminhada triunfante até ao poder.
Na noite de ontem houve também um sinal pouco abonatórios da personalidade de António Costa que foi o de ter ignorado, sobranceiramente, qualquer referência ao adversário derrotado
Fica assim na dúvida se a vitória de António Costa representa o início
do fim das políticas “austeritárias” ou se, pelo contrário, é a mera
continuação por outros meios, dessa política.
Para já há um vencedor: O Grupo Bilderberg que, desde há longa data,
aposta em António Costa para prosseguir em Portugal as políticas neoliberais,
impostas a países como Portugal, aí defendidas pelos representantes do mundo
financeiro ( a outra aposta é….Rui Rio!!!).
Aguardemos pelo desenrolar dos próximos episódios para percebermos se Costa vai ser um mero "facilitador" da rotatividade do centrão ou se, pelo contrário, vai "dizer" e "fazer" alguma coisa de "esquerda".
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