Maria de Fátima Patriarca faleceu a semana passada.
Era uma das mais importantes e inovadoras historiadoras portuguesas,
muito ligada ao estudo dos movimentos operários em Portugal, devendo-se a ela o
mais importante trabalho de investigação sobre a chamada revolta da Marinha Grande de 18 de
Janeiro de 1834.
Uma sua excelente evocação feita pelo jornal Público pode ser lida AQUI.
Conhecida pelo seu rigor no tratamento das fontes documentais, apenas publicou dois livros, apesar do seu vasto trabalho de
investigação, cujos resultados se encontram espalhados em artigos publicados em
revistas da especialidade, principalmente na revista “Análise Social”.
Em baixo transcrevemos o texto que, em sua homenagem, foi publicada no
site “Portal Anarquista".
“FÁTIMA PATRIARCA: MORREU A AUTORA DE UM DOS LIVROS MAIS COMPLETOS
SOBRE O 18 DE JANEIRO DE 1934
“Morreu a historiadora Fátima Patriarca, um nome incontornável na
história do movimento sindical durante a 1ª República e o Estado Novo. É da sua
autoria um dos livros mais completos e rigorosos sobre o 18 de Janeiro de 1934
“Sindicatos contra Salazar – A revolta do 18 de Janeiro de 1934”, onde a autora
desmistifica o chamado soviete da Marinha Grande (que nunca aconteceu) e
integra os vários levantamentos e greves que aconteceram nesse dia num
movimento mais geral, separando o trigo do joio e a propaganda dos factos
reais. A sua morte representa uma perda grande para a historiografia do movimento
operário.
“Historiadora e socióloga, autora de referência na análise social do
país sob o Estado Novo e do movimento operário e sindical em Portugal, Maria de
Fátima Patriarca (Couço, 1944-Lisboa, 2016) morreu na madrugada desta
sexta-feira devido a complicações cardíacas. Investigadora do Instituto de
Ciências Sociais desde 1992, publicou alguns dos estudos fundamentais acerca do
século XX português tal como o salazarismo e a resistência ao salazarismo o
configuraram. Os dois volumes de A Questão Social no Salazarismo(Imprensa
Nacional Casa da Moeda, 1995), e Sindicatos contra Salazar. A revolta do 18 de
Janeiro de 1934 (Imprensa de Ciências Sociais, 2000) são disso exemplo.
“Diplomada pelo Instituto Superior de Serviço Social de Lisboa em 1967,
licenciou-se em Sociologia no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da
Empresa em 1990 e fez as suas provas de investigadora no ICS sob a orientação
de Sedas Nunes, com a dissertação Processo de implantação e lógica e dinâmica
de funcionamento do Corporativismo em Portugal – os primeiros anos do
Salazarismo e com a prova complementar Sindicatos e luta social no regime corporativo
– dos anos 50 a 1974.
“Também no ICS, criou em 1979, com Maria Filomena Mónica, o Arquivo
Histórico das Classes Trabalhadoras, do qual foi responsável científica entre
1999 e 2005. Foi ainda membro do Conselho de Redacção da revista Análise Social
e da Imprensa de Ciências Sociais sob a direcção de António Barreto.
“Actualmente, informa a página do ICS, prosseguia o seu projecto
pessoal sobre Sindicatos e lutas sociais nos últimos anos do Regime Corporativo
e participava no projecto de Manuel de Lucena sobre a descolonização e também
no de António Matos Ferreira e Maria Lúcia de Brito Moura sobre as relações
entre o Estado e a Igreja em Portugal”.
Sem comentários:
Enviar um comentário