A comunicação social designa o novo emprego de Maria Luis Albuquerque como “polémico”.
Se houvesse coragem e independência nessa mesma comunicação social para designar as coisas pelos
nomes, devia intitular a atitude da ex-ministra como “eticamente repugnante”.
A atitude da ex-ministra das finanças é eticamente repugnante porque
ela é uma ex-ministra das finanças, cargo que ocupava até há três meses atrás,
que passou cerca de três anos a lidar com a alta finança, a banca e a dívida e
agora aceita um emprego numa empresa financeira que está ligada à alta finança,
à banca e à dívida e que teve actividade relacionada com decisões tomadas pela
ex-ministra enquanto exerceu o cargo.
A atitude da ex-ministra é eticamente repugnante porque, a mesma, agora
como deputada, e exercendo este cargo em exclusividade (foi esta a notícia que
ouvi), aceita agora um cargo fora do parlamento, onde vai receber quase o
dobro daquilo que recebe como deputada, acumulando os dois vencimentos .
A atitude da ex-ministra de Passos Coelho é eticamente repugnante por
tratar-se de alguém que, junto de instituições europeias e na execução das
políticas que praticou enquanto ministra das finanças, sempre defendeu e
praticou a austeridade fundada nos cortes salariais e nas pensões, na critica ao
aumento do salário mínimo, na defesa do aumento das horas de trabalho, com o
argumento de os portugueses andarem a
viver “acima das suas possibilidades”, e que agora vai receber um ordenado de cerca
de cinco mil euros mensais, para trabalhar apenas 2 a 4 dias por mês, trabalho
que vai ser mais passeio pago a Londres que trabalho.
Tudo isto cheira a pagamento de favores, tendo em conta a forma mafiosa
como funciona a maior parte das agências e instituições financeiras europeias,
pelo que se exige uma rigorosa investigação sobre a ligação entre as decisões que tomou enquanto ministra das
finanças e a actividade da empresa para onde ela agora vai “trabalhar”.
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