Ainda é cedo para comemorar o que quer que seja, ou voltar a ter
esperança de ver o país a sair do buraco em que o meteram os último dez anos de
governação (mais as consequências da herança cavaquista dos finais do século
XX)…
É que Cavaco ainda está aí e tem a faca e o queijo na mão..
O homem que contribuiu para afundar o país por duas vezes, não vai
abandonar o poder para o salvar:
- Da primeira vez como “homem rico”, enquanto primeiro-ministro,
destruindo o aparelho produtivo do país e esbanjando os fundos europeus em
betão, em empregos e negócios para os “boys” da facção e da banca , fazendo do
consumo desenfreado e do empreendedorismo de “pato bravo” a sua ideologia de
“capitalismo popular”, cujos custos nos
estão agora a ser cobrados, ideologia que contaminou a própria “esquerda;
- Da segunda vez , enquanto Presidente da República de facção, que
deixou terreno livre a um governo que, governando para “além da troika”,
destruiu a “classe média”, empobreceu o país, destruiu equilíbrios sociais, desrespeitou
sistematicamente os compromissos constitucionais, correu com a juventude mais
qualificada para a emigração, enfim, andou a “roubar aos pobres e remediados”
cidadãos deste país para dar aos “ricos” mercados.
Fez tudo isso, colaborou em toda essa festa da “direita” e nunca se
arrependeu. Antes pelo, contrário, está empenhado em defender, com unhas e
dentes, a sua obra .
Para ele é mais importante garantir os compromissos com os
especuladores financeiros (os “mercados”) do que os compromissos com os
cidadãos (como se vê pelo modo como fechou os olhos às medidas
anticonstitucionais do governo agora em gestão).
Cavaco vai lutar até ao fim para resistir a dar posse a um governo de
“esquerda”, e por isso vai:
- primeiro, arrastar todo o processo pelo máximo tempo que puder,
esperando qualquer desentendimento entre a “esquerda”, explorando, com a
ajudazinha preciosa dos gobelzinhos do comentário politico e de uma comunicação social nas mãos, ora da sua facção,
ora dos “mercados” que defende, todas as contradições e vírgulas postas fora do
lugar nos acordos à esquerda, como, aliás, já está a acontecer;
- segundo, ouvir todas as “personalidades” beneficiados por aquela política, que lhe dirão exactamente o
que quer ouvir, e lhe darão os argumentos de que precisa para decidir contra a
vontade do voto popular e dos seu representantes no parlamento ;
- terceiro, através da sua influência, com uma ajudinha de Durão Barroso e do PPE, colocar em movimento toda a máquina
europeia da chantagem e do medo para travar qualquer tentativa em sonhar,
sequer, com o fim do modelo “austeritério”.
- quarto, explorar até ao limite todas as possibilidades legais ou
semi-legais para impedir a tomada de posse de um governo de “esquerda” e
manter, nem que seja no modo de “zombie”,
a coligação de direita em gestão do país.
Mas, se mesmo assim não conseguir evitar a chegada ao poder de um
governo do PS com apoio parlamentar à esquerda, vai deixar o terreno o mais
minado que lhe seja possível e dificultar, quanto puder, a acção desse governo.
Quem ajudou o país a fundar-se por duas vezes, pode voltar a fazê-lo
pela terceira vez.
Por isso, ainda é cedo para festejar…
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