A histeria que se apoderou da direita nestes dois últimos meses,
alimentada pela atitude presidencial, pode abrandar a partir de agora…ou não!
Pelo menos estes meses contribuíram para a direita tirar a máscara e mostrar o seu lado mais trauliteiro.
Mas sejamos realistas: o que António Costa vai formar é apenas mais um
governo do PS, na linha ideológica e programática habitual nesse partido.
Não foi o PS que virou à esquerda.
O que aconteceu é que foi a direita que, nestes últimos quatro anos,
virou demasiado à direita, deixando o centro político desguarnecido e, no caso
do PSD, abandonando os valores social-democratas do seu fundador.
O PS não se moveu, continua no centro-esquerda onde sempre esteve.
O que aconteceu também é que, à esquerda do PS, o PCP e o Bloco de
Esquerda perceberam que é preferível encarar de forma pragmática um governo PS, igual a
tantos outros, a continuar a aturar um governo de direita que fez o país recuar
décadas .
Como se diz, os partidos à esquerda do PS perceberam, finalmente, que mais vale "um pássaro na mão" do que dois (Coelho e Portas...??) a voar..
PCP e BE podem continuar a ser a “reserva moral” da esquerda, mas devem
agir com pragmatismo, para não deitarem tudo a perder.
O que é agora fundamental é recuperar o país, a sua economia e a sua
sociedade, aproximando o país dos níveis europeus, retirando a iniciativa à
direita que estava a conduzir o país para o empobrecimento, a desigualdade e o
desrespeito pelo direito dos cidadãos a uma vida melhor e que andaram a virar portugueses contra portugueses para melhor "reinarem".
Para isso não é prioritário nem necessário à esquerda romper com quaisquer compromissos internacionais, como a direita trauliteira anda por aí a meter medo ao povinho.
Basta aperfeiçoar e rentabilizar o aparelho de Estado, valorizar o
económico e social em detrimento do poder financeiro, combater a fuga ao fisco,
penalizando fortemente as empresas que recorrem a off-shores , combater a
corrupção, levando até ao fim as investigações sobre o BES, o BPN , os “submarinos”
e outros casos que envolvem a velha classe política portuguesa (à direita e à esquerda, diga-se em abono da verdade...), melhorar as
condições de trabalho e de produção para fazer subir o PIB e, deste modo,
reduzir o deficit e a dívida.
Ao mesmo tempo, basta ir para as instituições europeias defender o país
e os seus cidadãos, abandonando a postura subserviente dos últimos anos, e
ganhar poder negocial.
É só aproveitar as mudanças que se estão a observar na Europa, em vez
de se tentar ser o aluno bem comportado que até ía “além da troika”.
E é “fazer figas” para que o poder político em Espanha mude de mãos.
Agora é preciso é calma e, da
parte da esquerda, pragmatismo e …juizinho.
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