Anda por aí uma grande
agitação nos meios políticos da direita, nas associações de [“grandes”]
empresários e entre os pequenos gobelzinhos do comentário político e económico,
acerca da possibilidade, defendida à esquerda, de se aumentar o ordenado mínimo em Portugal para os
600 euros.
Fazendo contas, 600
euros de ordenado corresponde a uma “diária” de …30 euros (por 8 horas de trabalho), ou a um valor pouco
superior a ….3 euros à hora… (por aqui paga-se entre 5 e 7 euros à hora por
tarefas domésticas não qualificadas…).
Tal preocupação
revela-se assim um pensamento miserabilista, ainda por cima, vindo de políticos
que gozam de benefícios e ajudas de custo escandalosas, muitos deles que
entraram numa “jota” e nunca fizeram mais nada na vida, a não ser participar em
administrações políticas de empresas públicas ou suspeitas, ganhando por
reunião ou assinatura várias vezes o ordenado mínimo que agora abominam…
O mesmo miserabilismo
revela a opinião dos líderes ou representantes dos empresários, que, nessas
associações patronais, apenas representam os grandes empresários e pouco ou
nada fizeram pelos pequenos e médios empresários deste país, e que estão à
frente de empresas onde geram lucros que comportam bem salários condignos bem
acima daquele ainda hipotética proposta de salário mínimo…uma empresa que não
consegue pagar aqueles valores não me parece em condições de empregar alguém e,
quanto muito, não tem condições para ir além de uma pequena empresa familiar de vão de escada.
Mas o pior de tudo é o
miserabilismo de muitos comentadores políticos e de economia que ganham, para
debitar opiniões contra o aumento salarial, várias vezes um ordenado mínimo de
600 euros por…15 a 20 minutos de participação televisiva ou por crónica
debitada na imprensa escrita…
Tenham a dignidade de,
pelo menos, não falarem nos ordenados dos outros quando vivem acima das
possibilidades de vida da maior parte dos portugueses.
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