Que os trauliteiros da direita que pontificam nas redes socias usem e abusem
do seu radicalismo , raiando muitas vezes o mau gosto, o puro nojo e a
boçalidade mais troglodita, para manifestar o seu desacordo pela queda do seu
governo, não nos espanta muitos.
Agora que políticos, com responsabilidade no país, ainda em funções no
governo, usem os mesmos métodos e a mesma retórica, isso já é grave e digno do
mais veemente repudio.
Depois da triste figura que fizeram na Assembleia da República, onde,
em vez de defenderem o programa político do governo, que era para isso que ela
se tinha reunido, usaram a Assembleia como palco de um comício radical de
ataque à sua esquerda, continuam agora, pelo país, e , mais grave ainda, por
essa Europa fora, na sua senda radical
em encontros comicieiros.
Afirmar que o PS está refém do Comité Central do PCP é próprio dos
títulos do jornal “O Diabo” mas não é digno de um político que se diz “ponderado”
e “educado”. É pura demagogia política.
Mas, pior ainda, vir apelar a uma revisão da Constituição para a
dissolver e convocar novas eleições, só porque a maioria que se formou não lhe
é favorável, é da mais despudorada falta de respeito pela democracia e pelo seu
funcionamento.
Ou seja, a Constituição, que eles nunca respeitaram nos últimos quatro
anos, servia agora para legitimar uma
situação de “eleições permanentes”, até se obter um resultado que agradasse à
direita.
Costuma dizer-se que é nos momentos difíceis que as pessoas revelam a
sua verdadeira natureza, Neste momento difícil é a direita que está a revelar a
sua verdadeira natureza, mostrando que pouco evoluiu desde 1975.
A atitude radical dos seus líderes, para além de revelar desespero, vem
dar razão à aliança do PS com a sua esquerda e àqueles que acham que é
impossível qualquer ponte de entendimento ao centro, porque, pura e
simplesmente, esse centro desapareceu, não tanto por uma qualquer “espectacular
“ viragem à esquerda do PS, mas porque, como se vê agora, esta direita
abandonou o centro para se radicalizar na direita “neoliberal”.
Se se chegou tão longe neste radicalismo da direita, muito se deve
agradecer à conivência e à cobardia do actual Presidente da República, o mesmo
que tanto fala em “consensos”, mas apenas tem contribuído, com as suas jogadas
de bastidores , os seus silêncios, e as
suas “indirectas” para a actual radicalização em que o país mergulhou.
É caso para dizer, tenham lá calma, porque tudo isto é apenas a
democracia a funcionar, como acontece nas democracias mais avançadas e mais
maduras da Europa, onde, muitas vezes, não é o partido mais votado que exerce o
poder, mas aquele que tem apoio para governar na casa da democracia, o
Parlamento.
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