Começo por fazer uma "declaração de interesse".
Devo ter sido a primeira vítima da irreverência de Manuela Moura Guedes, pois, teria eu uns dois ou três anos, e durante um curto período de tempo em que fui seu vizinho, fui mordido por ela quando brincávamos juntos, segundo me contam os mais velhos.
Mais tarde fui colega dela no liceu e actualmente, o mais próximo que estou dela é o facto de ser vizinho da sua mãe, pessoa com quem me cruzo cordialmente.
Tirando isso, confesso que não aprecio o estilo jornalístico de Moura Guedes, nem nunca vi o célebre Jornal de Sexta.
Apesar de tudo, toda esta história da suspensão do programa me cheira a esturro.
É credível que José Sócrates não tenha dado nenhuma ordem directa para suspender aquele programa.
Mas existem muitas situações estranhas que é urgente esclarecer:
Quando José Sócrates ainda era arrogante, antes da mudança forçada de personalidade, ele confessou várias vezes, em público, o facto de detestar aquele programa;
Foram vários os casos onde se demonstrou que o governo de José Sócrates, e o próprio, lidam mal com as críticas;
A Prisa, que controla a TVI, é dominada pelos socialistas espanhóis;
O programa suspenso iria revelar novos factos sobre o caso Freeport.
Provavelmente Sócrates nada tem a ver, directamente, com este escândalo e este atentado à liberdade de expressão.
Provavelmente estamos perante uma atitude de excesso de zelo de alguém que quis agradar a Sócrates.
Da forma como este caso venha a ser esclarecido depende, provavelmente, o futuro político de José Sócrates.
Ou muito me engano, ou este caso é o início do fim de Sócrates.
1 comentário:
Esta ocorrência pode ter leituras diversas. Não acredito na interferência directa do governo português porque seria uma acção estúpida, com consequências óbvias.
Vejamos: a TVI é ou não uma entidade privada? Tem ou não o direito de definir uma linha editorial? Há ou não uma carta de princípios ou estatuto editorial que deve nortear todos os jornalistas?
Admito que sim.
Tu dizes, Venerando, que nunca viste nenhum noticiário das sextas-feiras. Então não fazes ideia da trampa jornalística que aquilo era.
Alertado por pessoas amigas, vi algumas vezes. E tive nojo!
Aquilo não tinha mesmo qualidade. Era tiro ao alvo, ao homem, com base em suposições, em fontes sempre anónimas, em "documentos a que a TVI teve acesso".
O bastonário da Ordem dos Advogados foi lá e, em dada altura passou-se da cebeça: desancou a Moura Guedes como ela merecia. Ele estava a ser alvo de insinuações, de processos de intenção. E teve a frontalidade de expressar a sua indignação.
Os maiores inimigos da liberdade de expressão são os que não sabem fazer uso dela. Se eu for para um jornal insinuar que o meu vizinho é ladrão porque uma pessoa que só eu sei o viu a roubar galinhas, estou a cometer um crime. Posso dizer que o professor A é pedófilo porque um telefonema anónimo para a Direcção da escola assim o disse. E por aí fora.
Isto faz-me lembrar o Independente. Mas esse ainda tinha alguma graça. No entanto fazia um jornalismo de sargeta, à pala da irreverência.
Em minha opinião - e na de muitas pessoas que conheço - a senhora Manuela Moura Guedes não merece qualquer consideração como rofissional da informação. Não faz falta nenhuma ao bom jornalismo.
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