Ontem reagimos a quente às vergonhosas e descaradas provocações proferidas pelo presidente do BPI, o sr. Fernando Ulrich.
É que, perante tanta desfaçatez e falta de respeito por aqueles que estão a pagar para a crise já não há pachorra para atitudes racionais. Só nos resta cada vez mais a atitude de um Bordalo Pinheiro e mandá-los para o mesmo sítio para onde eles nos costumam mandar, de modo mais velado e “educado”, cada vez que abrem a boca.
A desfaçatez do individuo foi ainda mais escandalosa quando se sabe que ele, e outros como ele, tem responsabilidade pelo sector financeiro que é o principal responsável pela trágica situação do país e, mesmo assim, continuam impunes à crise, quanto muito levando um ligeiro beliscão aqui ou acolá, mas que não abalam os lucros sempre crescentes da banca, muito à custa da especulação à volta dos juros da dívida e da aquisição de dinheiro barato junto do BCE, beneficiando ainda da maior fatia do bolo do empréstimo que estamos todos a pagar.
De facto, sabe-se que quem compra a dívida portuguesa é, maioritariamente, o “mercado” nacional, o mesmo é dizer, a banca nacional, que beneficia assim dos juros usurários e especulativos desses juros, que o Estado tem de pagar à custa do aumento de impostos e dos cortes salariais nos funcionários públicos.
Percebe-se assim os lucros fabulosos da banca, apesar de vivermos em “crise”, o que é um contra-senso ao histórico deste tipo de situações e só demonstra a falácia desta “crise”.
Uma outra situação que beneficia o sector do qual o sr. Ulrich é um dos rostos conhecidos do mal que causam aos cidadãos e trabalhadores portuguese é a disponibilidade que existe da banca aceder em condições muito benéficas a uma grande fatia do “bolo” do empréstimo da troika, que está a ser pago por todos nós, á custa do aumento de desemprego, ao empobrecimento generalizado de quem trabalha e produz, ao aumento da dos impostos e ao aumento dos níveis de pobreza.
Se juntarmos a tudo isso a forma como a banca está a estrangular empresas e cidadãos com restrições ao crédito, ainda mais razões nos assistem para perder as estribeiras quando ouvimos esse senhor.
Por isso as afirmações do sr. Ulrich nos merecem o maior desprezo e os piores impropérios, pois é preciso muito descaramento par vir em defesa do aumento de austeridade, com o á vontade de quem sabe que os sacrifícios lhe vão passar ao lado, podendo até beneficiar com ela, falando aos portugueses como o falaria o sr. feudal aos seus servos.
A desfaçatez foi ainda mais longe, aos desvalorizar os níveis de desemprego em Portugal e dando a atender que ainda havia espaço para mais desemprego, comparativamente com o que sucede na Grécia.
Mas a boçalidade do senhor foi ainda mais completa quando desvalorizou as manifestações de violência desesperada na Grécia, como umas meras “montras partidas”. Não gostávamos que a situação portuguesa descambasse para a violência da Grécia, mas, se chegarmos aí, espero que os manifestantes mais radicais se lembrem das palavras do sr. Ulrich e se apliquem nas montras do BPI….
Num ponto estamos de acordo com o sr. Ulrich, um parte do país aguenta mais austeridade, “ai aguenta, aguenta!”. Estamos a pensar, por exemplo, no sector financeiro.
Recordando aqui algumas propostas apresentadas pela CGTP e outras pessoas e instituições para aumentar a receita do Estado, sem ser à custa dos mesmos de sempre (trabalhadores, pensionistas, empresários produtivos e cidadãos no geral), é caso par afirmar, pegando naquelas palavras:
- O sr. Ulrich, a banca e os seus accionistas aguentam a criação de uma taxa de 0,25% sobre as transacções financeiras, que permitia arrecadar uma receita fiscal de mais de dois mil milhões de euros? Ai aguentam, aguentam!.
- O sr. Ulrich, a banca e os seus accionistas aguentam a criação de um novo escalão de IRC sobre a banca, que permitia arrecadar mais de um milhão de euros? Ai aguentam, aguentam!
- o sr. Ulrich, a banca e os seus accionistas aguentam uma tributação adicional dos dividendos que permitiam arrecadar mais um milhão e meio de euros? Ai aguentam, aguentam!
- o sr. Ulrich, a banca e os seus accionistas aguentam o combate à fraude a à evasão fiscal, que permitia arrecadar mais dois mil milhões de euros? Ai aguentam, aguentam!
Temos de agradecer ao sr. Ulrich ter-nos levado a recordar aqui essa proposta da CGTP que permitiria arrecadar cerca de 6 mil milhões de euros à especulação financeira, um bom contibuto para as necessidades do país …
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