Foi um momento único aquele que ontem se viveu na Gulbenkian, ao final da tarde, com o espectáculo de Rokia Traoré.
A cantora do Mali fez-se acompanhar por grandes vozes africanas (Virgine Dembélé, Fatim Kouyaté e Bintou Soumbounou) e por um trio com os tradicionais intrumentos de corda africanos,o n'goni, tocado por Mamah Diabaté, o kora, de Mamadyba Camara, e o bolon de Habib Sangaré.
Um espectáculo a fazer-nos lembrar as raizes africanas da musica popular, do jazz aos blues e ao rock (evidente nos sons reirados dos instrumentos de corda).
A musica do Mali é uma das mais criativa de África, mas que está a correr grandes riscos de ser destruida pela situação actual do Mali, de guerra civil, um dos resultados evidentes de destabilização de região provocada pela queda do regime Líbio de Khadafy e pela afirmação crescente dos islamitas ligados á Al-Qaeda.
A comunidade ocidental teve muita pressa em assassinar Khadafy e os seus seguidores, que sabiam demais sobre as ligações corruptas entre o poder financeiro e político ocidental e esse regime assassino, mas não cuidou das consequências para a região do apoio que deram aos assassinos islamitas. Agora toda a região está à beira de uma guerra generalizada e o Mali é para já uma das primeiras vítimas.
Traoré fez um referência à situação política do seu país, principalmente ao risco de acontecer ao país aquilo que já aconteceu na região norte, ocupada pelos extremistas islãmicos, que já levaram á destruição das grandes riquezas da cidade de Timbuctu, mas também colocando em risco de independência e a vida das mulheres, num país que era visto até há pouco tempo como um dos mais dinâmicos do ponto de vista cultural, onde as mulheres tinham mais afirmação, politicamente estável e pacífico.
Rokia Traoré é uma das mais criativas vozes da cultura musical africana e pode ser acompanhada AQUI no seu site oficial.
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