(Cartoon de Antero Valério)
Há uma semana fomos confrontados pelo ministro Gaspar com
uma pesadíssima carga fiscal, a incidir, sabe-se agora, 80% sobre o factor
trabalho. Era um “aumento brutal” de impostos, agora é um aumento “muito
significativo”!!!.
Uma semana correu, fizeram-se intermináveis reuniões ministeriais,
clamaram vozes dos partidos da coligação contra a brutalidade dessas medidas,
deu-se a entender que tanta reunião, barulho e opinião, onde não faltou a de
Cavaco Silva, iria levar a alguma maquilhagem da austeridade, baixando umas
décimas aqui outras ali, voltou o ministro Gaspar a uma nova e monótona e
intervenção… e não foi mudada uma linha. É caso para dizer que a montanha pariu…um
Gaspar!
Aí está, em todo o seu esplendor e de forma “legal” e “institucional”
o documento que “legitima” o maior roubo da história sofrido pelos cidadãos
portugueses em tempo de paz.
Gaspar, que diz que está ao “serviço” do país para pagar a
educação cara que este lhe deu !!!!, revelou que essa educação, em termos
humanos e sociais, não foi assim tão boa e não justifica o preço.
Já se sabia que Passos Coelho nos aldrabou, basta comparar as
suas intervenções e aquilo que ele defendia no final do governo de Sócrates,
com as que tem feito e defendido nos últimos tempos. Já percebemos que Passos
Coelho, ou é ignorante, ou é um grande trapaceiro, ou tudo isso. O que não é, é
um homem de palavra.
Agora vamos ficar a saber se os deputados do CDS e Paulo
Portas, mais o Presidente da República, ainda são mais rápidos a deixar cair a
palavra dita, pois a única forma consequente de responder à insensibilidade de
Passos Coelho e Gaspar, que não mudaram uma linha à primeira versão do
Orçamento e fecharam a abertura à correcções ou às sugestões que lhe foram feitas por aqueles ao
longo da última semana, é a de recusarem este orçamento.
Para Cavaco Silva é a última oportunidade de se mostrar
credível. Se assim não for, e por falta de alternativas institucionais à
roubalheira e à destruição da economia e da sociedade portuguesa que a
aplicação deste orçamento representa, o
poder vai cair rapidamente na rua, com todas as consequências previsíveis e imprevisíveis
que daí resultarão.
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