(Fonte: blog A Educação do Meu Umbigo, autor Kaos)
A resposta que a ainda Ministra da Educação ontem ouviu de uma criança, numa escola por si inaugurada, foi a melhor resposta de despedida que lhe podiam ter dado.
Ao interrogar uma criança sobre o que é que ela mais gostava “nesta escola nova”, a criança, um rapaz, respondeu-lhe: “Da Professora”.
Ao que parece a Ministra ficou estupefacta com a resposta e tentou desvalorizar o seu simbolismo afirmando que os “alunos naturalizam as condições envolventes e acabam por dar mais importância à figura do adulto”.
Uma cena que resume a postura desta Ministra e da sua equipa face aos professores.
Aliás, não sei se repararam, ao longo do seu mandato, a dita senhora evitou sempre pronunciar a palavra “Professor” . Quando as coisas corriam bem, preferia falar nas “Escolas”, como se estas fossem entidades abstractas, desprovidas de humanidade.
Desta vez o professor foi tratado por “Adulto”.
Essa aversão da senhora Ministra aos professores terá provavelmente uma explicação no domínio da Psicologia, mas contribuiu para fazer destes últimos quatro anos um dos momentos mais penosos vivido por milhares de docentes, que nunca se viram tão maltratados e humilhados.
Vão ser precisos muitos anos, senão décadas, para repor a paz e a serenidade nas escolas, para reforçar a auto-estima dos professores e, consequentemente, a motivação necessária aos muitos desafios que se colocam à sua actividade.
Mas, o mais grave, é que a aversão que esta Ministra provocou pode levar a que se procure deitara fora a “água do banho” ( a Ministra e a sua equipa, este modelo de avaliação, a divisão da carreira, a desvalorização da profissão, o trabalho para as estatísticas, a crescente burocratização das escolas, a desvalorização da componente científica do ensino…), com o “menino”, isto é, algumas medidas positivas, embora necessitando de uma serena revisão, muitas vezes ofuscadas pelo excesso de propaganda governamental ( as Novas Oportunidades, a substituição de professores em falta, a renovação tecnológica do parque escolar, a necessidade de um novo modelo de avaliação, renovação da rede de bibliotecas escolares, rede nacional de leitura...).
Maria de Lurdes e a sua equipa não deixam saudades, embora o resultados negativo das suas políticas só se venha a fazer sentir daqui a muito tempo, quando já ninguém se lembrar deles.
Quem vier, vai ter muito trabalho pela frente para arrumar a casa, mas pode contar com a boa vontade dos professores se souber cativá-los para a verdadeira reforma de que o educação precisa, a reforma humanista das escolas.
2 comentários:
Boa malha! Bom texto!
E que a dita senhora repouse em paz "lá no assento subterrâneo onde desceu"!!!!
RP!
Sem dúvida meu caro. Seu texto não podia colocar melhor os pontos nos i's!
Por mim, a dita cuja pode ir para Vénus que ninguém sentirá saudades..
Por fim, resta-me desejar-lhe as boas vindas aos meus PEDAÇOS DE TEMPO!
Abraço,
CR/de
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