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segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Ordens do Dia de Beresford (6) Agosto de 1809




AGOSTO 1809


Numa das primeiras Ordens do Dia (OD) apelava-se para “que todos os Cirurgiões tanto dos Hospitaes, como dos Corpos, ou outros quaesquer que tiverem recebido do Governo caixas de Instrumentos em qualquer tempo que fosse, ou que as tenhão em seu poder pertencentes ao Governo, informem sem demora ao Fysico-Mór residente em Lisboa, dando-lhe conta do estado actual dessas caixas” (OD, 2/8/09).

Entretanto, visitando Beresford “hontem o Acampamento, ficou extremamente desgostoso por ver, que os Soldados vagavão por todo o Paíz sem Passaporte, e mesmo os Officiaes, e Officiaes Inferiores; e porque isto pode ter consequências muito tristes, pois que todos os Regimentos devem sempre estar promptos para pegar em Armas a cada instante. Ordena, que nenhum Soldado saia do Campo sem Passaporte por escripto, e que indo buscar Viveres fora do Campo, a totalidade dos Soldados, que for necessária para este, ou outro qualquer objecto de serviço vá regularmente formada, e marche debaixo das Ordens de Officiaes, e Officiaes inferiores conforme o numero de Soldados, e que volte formada do mesmo modo para o Acampamento. Determina igualmente (…) que nenhum Official dê licença vocal de sahir do Acampamento a Soldado algum” (OD, 3/8/09).

A indisciplina que Beresford encontrava frequentemente, era evidente até no abastecimento, quiexando-se do facto de “que distribuindo-se aos Soldados pão para três dias, alguns o vendem, e ficão impossibilitados por este modo de marchar segundo a necessidade o exigir: em consequência do que determina (…) que todas as manhãs se averigúe se cada Soldado tem a quantidade de pão, que deve ter, e que todo aquelle, que dispozer delle debaixo de qualquer pretexto seja rigorosamente castigado” (OD, 3/8/09).

Mais ainda, sendo informado “da irregularidade, com que alguns Corpos procedem, no recebimento dos víveres, mandando-os tomar das Justiças das Povoações, sem que seja pelos respectivos Comissarios das Brigadas; “ determina “que de hoje em diante se ponha termo a este abuzo, advertindo aos Snr.es Coroneis, ou Commandantes dos Corpos, que fará pagar-lhes todo aquelle mantimento, que para o futuro se receber, sem que seja pelo Commissario competente” (OD, 14/8/09).

Constando-lhe ainda que “alguns Soldados vão a casa das padeiras tirar o pão que apromptão para a Tropa e mesmo aos fornos tirar aquelle que se esta cozendo, o que vem a ser causa essencial da Tropa experimentar falta de pão pois que isso faz que não se fabrique tanto quanto podia ser e daquelle que se fabrica se aproveita só a pequena parte dos Soldados maos e fica privada delle grande parte dos Soldados bons, manda declarar que não deixará de fazer hum exemplo, punindo com pena Capital semelhante desordem” (OD, 16/8/09).

Ao longo do mês outra preocupação evidenciada foi com o vestuário das tropas: “(…) sem a menor demora(…) os Snr.es Commandantes dos Regimentos, e dos Batalhões que se achão actualmente em Campanha remetterão ao Snr. Marechal hum Mappa do Fardamento, e mais objectos de Vestuario que faltão ao respectivo Regimento ou Batalhão. Advertindo que deve ser o preciso, para vir a ter cada homem hum capote, huma farda, hum colete, hum par de pantalonas, hum par de polainas curtas, dois pares de çapatos, duas camisas, dois pares de meias curtas, huma barretina, ou chapeo, e huma gravata de couro preto” (OD, 21/8/09).

A falta de hábitos de higiene dos soldados portugueses é evidenciada na seguinte OD: “O Snr. Marechal não somente recommenda, mas insiste que se tenha a maior attenção á limpesa dos diferentes Corpos pois que a falta de aceio he a causa das muitas moléstias que tem sofrido o Exercito, e Ordena por tanto que se obriguem os Soldados a lavarem-se frequentemente, e com particularidade os pés, pernas, cabeça, e mãos (…).Sem limpesa he impossível o conservar-se a saúde, e o estarem cançados não póde servir de desculpa, porque depois de huma marcha longa, e fatigante nada refresca tanto como o lavar” (OD, 21 /8/09).

Ao longo do mês foram ainda decididas várias condenações por deserção, algumas à morte, com o intuito de “fazer hum exemplo” (OD de 15 /08/09)

LOCALIZAÇÃO DO QUARTEL-GENERAL EM AGOSTO DE 1809:

1 a 5 de Agosto – Almeida
6 de Agosto – Cidade Rodrigo
7 a 9 de Agosto – Fuente Grunaldo
10 e 11 de Agosto – Acebo
12 de Agosto – Moraleja.
13 de Agosto – Los Hoyos.
14 e 15 de Agosto – Moraleja
16 e 17 de Agosto – Sarza.
18 de Agosto – Salvaterra.
19 a 31 de Agosto – Castelo Branco.

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