José Manuel Fernandes não me conhece de lado nenhum, nem vai ler este texto, pois tem coisas mais interessantes para fazer na vida.
De qualquer modo quero aqui dedicar-lhe algumas palavras na hora da sua despedida como director do “Público”.
Devo confessar que muitas vezes as suas opiniões me irritaram e que discordei de mais de 90% daquilo que ele escreveu ou disse.
Mas confesso também que ouvi-lo ou lê-lo foi sempre bastante estimulante. É que a sua escrita é de uma clareza, tão bem fundamentada e culta que se torna difícil rebater as suas opiniões.
Ao lê-lo ou ouvi-lo ele obrigava-nos a pensar, principalmente em racionalizar a nossa discordância, o que implicava um esforço intelectual enorme.
Uma outra faceta importante da sua passagem pelo Público foi a forma como sempre contribuiu para o pluralismo de ideias que sempre caracterizou esse jornal. Não poucas vezes, a sua voz era uma voz isolada no conjunto de comentadores ou editorialistas, sem que uma única vez se tivesse notado que tenha usado o seu poder para impedir qualquer opinião ou notícia que desmentisse ou discordasse das suas idéias
Por tudo isso os seus editoriais vão fazer-nos falta, esperando que o Público continue na linha de pluralismo e independência, consolidada e reforçada pela direcção de José Manuel Fernandes.
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