Estas eleições europeias tiveram, em Portugal, um derrotado claro: O Partido Socialista de José Socrates.
Tendo em conta que a abstenção não foi muito superior à registada há cinco anos (62,5% hoje, contra 61,4% nas anteriores), e apesar de não se conhecerem ainda os números reais de votantes, é prefeitamente comparável a percentagem registada por cada partido, até este momento.
Sendo assim, a derrota do PS foi de facto esmagadora. Há cinco anos tinha obtido 44,5% dos votos, elegendo 12 deputados. Hoje obteve 26,6% dos votos, elegendo 7 deputados, isto é, perdeu quase 20% dos votos e ... 5 deputados.
Recorde-se, a propósito, que esta foi a terceira derrota nacional do PS desde que Sócrates chegou ao poder: foi derrotado nas últimas autárquicas, foi derrotado nas últimas presidências e foi agora derrotado nestas europeias.
O grande vencedor foi o PSD, para já porque ganhou as eleições, as primeiras europeias ganhas desde há vinte anos, elegendo mais um deputado do que nas últimas eleições, onde concorreu coligado com o CDS. Este partido acabou por manter os seus dois deputados.
Note-se, contudo, que, no seu conjunto, o PSD e o CDS, que tinham obtido 33,3 dos votos em 2004, elegendo no conjunto 9 deputados, obtiveram agora, no seu conjunto, 40,1%, quase mais 7% de votos, mas, no seu conjunto elegeram "apenas" mais um deputado.
O PCP subiu ligeiramente a sua percentagem, de 9,1%, para 10,7%, mais de um ponto e meio percentual, mas manteve o seu número de deputados, 2, sendo ainda ultrapassado, embora por pouco, pelo Bloco de Esquerda.
É de registar, contudo, que o PCP recuperou muitos votos nos distritos de Évora, Beja e Setúbal, onde foram a força vencedora, distritos onde vinham perdendo algum terreno para o PS, sendo a terceira força política mais votada em Lisboa.
Esta situação parece comprovar que a votação histórica do Bloco de Esquerda, que é agora a terceira força política nacional, foi feita à custa da transferência de votos do PS, mais do que do PCP.
O Bloco de Esquerda foi, aliás, o segundo grande vencedor destas eleições, triplicando o seu número de deputados (de 1 para 3) e mais que duplicando a sua percentagem ( de 4,9% em 2004, para os actuais 10,7%).
Agora está tudo em aberto para as eleições legislativas.
Sócrates continuou com a arrogância de sempre... Já falta pouco para acabar a sua época...
1 comentário:
Concordo com a análise geral que fazes. No entanto passas por cima da abstenção, que afinal nem foi tanta como se receava...
Para mim este continua a ser o facto incontornável mais importante. Porque é que as pessoas não votam?
Os políticos deviam começar por aqui, antes de falarem em vitória ou derrota. Então a opinião da esmagadora maioria dos portugueses não vale nada? Essa maioria é composta por gente burra e ignorante?
Parece que todos falam de um país virtual. Entretanto os 63% existem, as pessoas vivem e a sua atitude revela indignação, indiferença, ignorância, seja o que for. Mas é algo muito grave.
Os nossos políticos parecem já ter-se adpatado a esta realidade como se ela fosse uma coisa natural.
Enviar um comentário