Depois do 25 de Abril a liberdade chegou igualmente ao cinema.
Perseguida pela Censura , em Portugal, por razões óbvias, a cinematografia soviética conheceu um renovado interesse por parte da programação cineclubista após o 25 de Abril.
Um dos cineastas “malditos” da censura portuguesa (mas, sabe-se hoje, também da censura soviética e stalinista) foi Siérguiei Eisenstein, nascido em Riga em 23 de Abril de 1898.
Uma das suas obras mais emblemáticas, mas também uma das mais perseguidas, foi “O Couraçado de Potiômkine”, rodado em Odessa em 1925, e que retrata o motim a bordo daquele couraçado em 1905.
A seguir ao 25 de Abril quase todos os cineclubes “disputavam” entre si a possibilidade desse filme histórico.
Contudo, revelador de um tipo de vigilância diferente em relação aos cineclubes do “continente”, daquela que era exercida sobre os cineclubes “ultramarinos”, recordo-me de ter visto o boletim de um cineclube, não me recordo se angolano ou se moçambicano, onde se anunciava a exibição daquele filme clássico, isto ainda antes do 25 de Abril.
Pessoalmente, lembro-me da exibição do “Couraçado…” no Cineclube de Torres Vedras, numa sessão com uma cópia de 16 mm, na sala do Clube Artístico e Comercial, apinhada de público, na noite de … 27 de Setembro de 1974.
No final dessa sessão, logo aí os líderes políticos locais do MDP-CDE, do PSD, do PS, do PCP e muitos independentes, mobilizaram as brigadas para vigiar, ao longo da madrugada, as estradas do concelho, para travar a manifestação da chamada “maioria silenciosa”, convocada para Lisboa no dia seguinte, o “célebre” 28 de Setembro de 1974.
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