Ontem, no intervalo das aterradoras notícias que nos chegavam do Japão, o Ministro das Finanças apareceu de “surpresa” nas televisões a anunciar mais um conjunto de medidas de “contenção orçamental” que mais uma vez atingem os mesmos de sempre: as classes médias, os reformados e os desvalidos da nossa economia.
Nada que nos surpreenda , habituámo-nos a estas aparições dramáticas do Ministro das Finanças anunciado regularmente medidas cada vez mais gravosas para a população portuguesa, em nome de uma contenção que nunca mexe nos verdadeiros privilégios e nos verdadeiros sorvedouros do erário público, como as obras faraónicas, as parcerias público privadas, as comissões de “estudo”, as administrações públicas, os fabulosos lucros de algumas empresas monopolistas e dos bancos, os institutos e as fundações, etc, etc, etc.
O que há de novo nessa atitude é a forma “sorrateira” como foram anunciadas, sem as ter divulgado previamente ao Presidente da República, como foi feito noutras ocasiões. Aliás estas medidas surgem dois dias depois de Cavaco Silva ter alertado para o facto de não se poder continuar a penalizar sempre os mesmos, exactamente o contrário que estas medidas do governo preconizam.
Mais grave ainda, do ponto de vista político, foi a forma pouco leal como lidou com o PSD, rompendo com o que tinha previamente acordado com este partido para a viabilização do último orçamento, ao preconizar medidas contrárias àquelas que se tinha comprometido a não tomar.
Não tenho especial simpatia por Cavaco Silva ou pelo PSD, mas Sócrates revelou com essa atitude um total desrespeito não só por eles, mas também pelo povo português ao anunciar medidas que negociou nas costas de todos para agradar à srª Merkel , e aos agiotas dos “mercados”, sem consultar os parceiros sociaiss nem o parlamento, agindo como se continuasse a governar com maioria absoluta.
Enfim, esta é a Política Rasca a que Sócrates nos habituou nestes últimos anos.
Esperemos que hoje e nos próximos tempos a "geração à rasca", que somos todo nós, dê a devida resposta à "geração rasca" que nos governa, a nós e à Europa.
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