Se ainda restavam dúvidas sobre o estado degradante da justiça em Portugal, elas ficaram desfeitas perante o triste espectáculo a que ontem se assistiu na abertura do ano judicial.
Cada discurso, cada “melro”. Uns acusavam os Juízes, outros os Políticos, outros os Funcionário, outros a Comunicação Social, outros a Lei, mas ninguém assumiu a sua responsabilidade pelo descrédito da justiça. É que os responsáveis pelo estado a que coisa chegou, estavam lá todos.
Parece que todos aprenderam depressa com José Sócrates a melhor forma de “sacudir a água do capote” da sua responsabilidade pela situação que denunciaram.
Aliás, a boçalidade de algumas intervenções só contribuiu para agravar o sentimento geral que existe sobre o descalabro a que a justiça portuguesa chegou.
Para o inenarrável Procurador Geral da República, Pinto Monteiro, a “contaminação política dos processos judiciais” pode levar ao "declínio da independência judicial”. Diga lá outra vez!? Então este senhor não tem sido o principal responsável por essa "contaminação"?
Por sua vez o boçal Marinho Pinto, bastonário da Ordem dos Advogados, insurgiu-se contra a “onda de vedetismo que assola a magistratura judicial”. Também este sabe do que fala quando se refere à “onda de vedetismo” : esta tem sido a imagem de marca da sua passagem pela Ordem.
Já o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça rematou este triste ramalhete como um “a justiça não é má; a lei essa é insuportável”. Então o que é que essa gente anda a fazer por lá?.
Parece que cada um desses tristes personagens andou a tentar encontrar o tiro mais certeiro para furar o próprio pé.
No meio dessa ópera bufa apenas se salvou o bom senso da intervenção de Cavaco Silva, ao apelar à necessidade de credibilização e eficácia da justiça, defendendo uma “reforma profunda e urgente da justiça”.
Também a esta gente é urgente dizer: Já Basta.
(a propósito, leiam esta interessante opinião sobre o que ontem aconteceu:
O ministro, a sua mulher, a democracia e a justiça dela- A Escolha do Editor - Jornal de negócio online (clicar para ler a crónica de Pedro Santos Guerreiro))
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