A crise política que se avizinha tem um rosto e um responsável: José Sócrates.
Foi ele que faltou à palavra dada e desrespeitou as instituições democráticas portuguesas ( o Presidente da República, o Parlamento e os Parceiros Sociais), ao ter assumido compromissos perante a União Europeia sem consultar ninguém .
A argumentação que ele e os seus fiéis seguidores agora usam como chantagem sobre o PSD e toda a oposição, segundo a qual se o PEC IV não for aprovado entramos no caos, cai por terra quando sabemos o modo como este foi negociado no segredo dos deuses com a srª Merkel.
Ou seja, não é a crise política, que segundo os fiéis de Sócrates será provocada pela recusa da oposição em aceitar a chantagem do governo, que vai estar na origem do caos económico-social que se vai seguir ao chumbo do PEC IV, mas é o caos económico-social provocado pela incompetência deste governo que nos lançou na crise política, agravando a situação económica e social do país.
Pessoalmente, tenho dúvidas que a antecipação das eleições nos traga algo de novo. Provavelmente o próximo governo saído dessas eleições continuará a ser um governo minoritário.
Também não vejo no PSD uma alternativa a este estado de coisas.
Substituir Sócrates por Passos Coelho, só pode trazer um estilo diferente de governação, mas não vai salvar o país do descalabro provocado pela deslealdade do primeiro.
Por isso não sei qual o ditado a adoptar neste estado de coisas, se o velho ditado português segundo o qual “para pior já basta assim”, se o ditado “tiririca” segundo o qual “pior que está não fica”.
O que não tenho dúvida é que Sócrates é “o problema” e, para mal dos nossos pecados e em especial do PS, ele já ameaçou continuar à frente deste partido se e quando tiver que disputar eleições.
José Sócrates trouxe para a política portuguesa o pior que esta tem, a arrogância, a falta de palavra, a aldrabice, o carreirismo, o caciquismo, o compadrio e a corrupção dos valores democráticos.
Por isso, por um lado não sei se uma mudança de gente na direcção do país, mesmo não concordando com ela ideologicamente, não será uma lufada de ar fresco, necessária para repor uma certa seriedade e normalidade na vida política portuguesa.
Por outro lado tenho consciência que o programa que Passos Coelho oferece ao país é mais do mesmo daquilo que Sócrates nos impingiu. Mais que Passos Coelho, assustam-me aqueles que andam à sua volta, nomeadamente essa gente sinistra do “compromisso Portugal” que tão entusiasticamente aplaudiu as medidas anti-sociais de Sócrates e agora o abandonam porque não as acham suficientes.
Penso que ainda há alternativas dentro do actual quadro parlamentar, mas para isso era necessário que o Presidente da República exercesse a sua influência e os seus poderes e ele já disse que nada fará.
Uma alternativa passaria pelo afastamento de Sócrates, nomeando-se um governo de coligação, que devia ser liderado por alguém do actual governo, mantendo alguns ministros e integrando gente de outros partidos. Há, quanto a mim, uma pessoa que está em condições de assumir essa responsabilidade histórica: o ministro dos negócios estrangeiros Luís Amado.
O PS livrava-se de Sócrates e abria caminho a uma renovação, que teria como rosto principal António Costa, já que António José Seguro, o verdadeiro rosto da renovação, não tem ainda muitas condições para chegar à liderança desse partido. Assim talvez tivéssemos um PS mais credível e que podia ser uma alternativa verdadeiramente social-democrata para disputar as próximas eleições contra o neo-liberalismo do PSD.
Claro que nada disto se vai passar e todos vamos pagar caro pela situação, económico-social, primeiro, e política, depois, em que Sócrates nos colocou a todos.
É caso para dizer, como num cartaz que na segunda-feira foi desfraldado no Pavilhão Atlântico no concerto de Roger Waters : “hey Sócrates live de people alone”.
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