Já nos referimos por aqui, muitas vezes, à incompetência deste
presidente da República, o pior dos últimos 40 anos e, na história da
República, só suplantada por Américo Thomaz.
A confusão que está lançada no panorama político português muito deve à
incapacidade deste presidente em resolver questões complicadas ou, pior ainda,
à falta de imparcialidade política do mesmo.
Tudo começou quando, no actual e complexo panorama político saído das
últimas eleições, e quando o presidente devia agir com serenidade e prontidão,
resolveu executar manhosas manobras políticas, uma prática a que nos habitou,
primeiro como líder do PSD, depois como primeiro-ministro, e agora com
presidente da República.
Apressadamente convocou a sua facção política para Belém, que tinha
ganho eleições mas perdido a maioria absoluta, enquanto a maioria absoluta dos
eleitores escolheu votar só em forças políticas que repudiaram as política
austeritárias do “seu” governo.
Sem ouvir os outros partidos políticos, faz uma comunicação ao país, uma
confusa e cabalística colagem de frases feitas, onde , a única coisa perceptível,
é que ia mandatar Passos Coelho tentar formar governo.
Aquilo que um presidente da República, digno da função que exerce,
devia ter feito era, em primeiro lugar, ouvir todos os partidos políticos
eleitos para o parlamento e, depois, mandatar o líder da coligação que ganhou
as eleições tentar, no prazo máximo de uma semana, negociar condições, com os
partidos da oposição, para formar um governo estável.
Para isso, em vez de dividir, como o fez no seu confuso discurso, devia
liderar essas negociações, interpretando a recusa do eleitorado das medidas de
austeridade, ou , pelo menos, a forma como elas foram aplicadas pelo governo da
coligação. Isso implicava cedências do governo e uma verdadeira vontade de
chegar ao tão apregoado “consenso” , palavra que, na boca do presidente da
República faz lembra, cada vez mais, o “irrevogável” de Portas.
Caso a coligação não chegasse a bom termo, então teria de convidar o
segundo partido eleito a tentar formar governo , tal como acontece em qualquer democracia
avançada (até há países onde o terceiros partido já liderou, ou lidera, como na
Dinamarca, um governo de coligação).
Quanto a mim, são legítimos os dois lados da argumentação, quer aqueles
que defendem que deve ser convidado para formar governo o partido mais votado, quer
aqueles que interpretam que a maioria
dos eleitores votou contra a austeridade, tal como ela foi aplicada pelo
governo, e têm a maioria absoluta no parlamento.
E por isso parece-me que, se o presidente da República fosse um homem
sensato, que não quisesse ser o líder de uma facção política, como a sua
prática tem demonstrado, a situação no país estava hoje mais clarificada,
reinaria o tão apregoado, mas por ela pouco praticado, consenso, e a democracia
portuguesa mostrava a sua maturidade.
Foi para isto que faltou, vergonhosamente, às comemorações do 5 de Outubro?
Bastava que o presidente da República ouvisse as palavras sensatas de
Adriano Moreira.
1 comentário:
No segundo parágrafo, onde se lê parcialidade, deve ler-se imparcialidade. Quanto ao resto, absolutamente de acordo.
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