Bruxelas surpreende pela positiva.
Confesso que, antes de a conhecer, não dava muito por essa cidade, que associava ao cinzentismo da burocracia europeia, até porque eram as imagens dos mastodônticos e escandalosamente luxuosos edifícios das instituições europeias que eram ( e são) divulgados na comunicação social como associados a essa cidade.
Descobri assim que Bruxelas é muito mais do que isso, que pode ser uma cidade mais humana do que muitas outras do mapa turístico europeu, com praças e jardins de ambiente agradável (o jardim de Bruxelas, o parque Leopoldo, o parque do cinquentenário…), capaz de nos surpreender em cada esquina, com uma população simpática e acessivel.
As batatas fritas, os chocolates e a banda desenhada dominam muitos desses espaços, mas, sem esquecer a Grand Place, existem igualmente muitos outros motivos de interesse, como os edifícios Arte Nova que surgem por todo o lado (destacamos o museu da musica), como a zona do “Monte das Artes”, onde se encontram dois dos mais importantes museus de arte da Europa, o Museu Real de Belas Artes e o Museu Magritte.
Existe ainda uma variedade de edifícios religiosos, muitos de estilo gótico, com destaque para a Catedral de S. Miguel e Santa Gudula, que não fica atrás, em grandiosidade, à Notre Dame de Paris, com a vantagem de ter menos turistas.
Num país que vivia há mais de ano e meio sem governo, tudo parecia funcionar, desde os combóis e transportes públicos que funcionavam sempre a horas (na estação central, com umas dez linhas de comboio, passava, em cada uma delas, de três em três minutos, um comboio para todos os cantos da Bélgica e para os países vizinhos…), à integração de estudantes em trabalhos temporários de Verão (era muito frequente depararmos, nos transportes públicos, nos museus ou nas lojas, com jovens, vestindo uma camisola que os identificava como estudantes em funções temporárias, situação que parece configurar um programa para os estudantes, que muito contribui para os iniciar no mundo do trabalho) .
A realidade belga parece ser a prova acabada de que se pode viver quase sem governo, desde que exista um elevado sentido cívico por parte da população. É isso que se sente no comportamento dos belga, o civismo, um civismo descontraído, ao contrário, por exemplo, do civismo arrogante e cínico de Londres ou Amesterdão.
Uma das provas desse civismo é o facto de, nalguns monumentos com visita paga, não existir muitas vezes ninguém para receber esse pagamento, mas apenas uma caixa onde se colocava o valor estabelecido em cartazes, e ninguém tentava dar o golpe para escapar um pagamento que não era fiscalizado.
Na Bélgica, que é uma monarquia constitucional, existem três regiões, cada uma com um parlamento, com um conjunto de poderes que permitem a este país funcionar quase sem necessidade do poder central (o parlamento da região da Flandres, com capital em Bruxelas, o parlamento da região da Valónia, em Namur, e o parlamento da região de Bruxelas, um enclave de maioria francófona no meio da Flandres, situado na capital belga).
Ironicamente, em crónica recente, Rui Tavares, deputado europeu que conhece bem a realidade belga, destacava o facto de, uma das vantagens de Bruxelas estar sem governo central há muito tempo, era o facto de não terem sido tomadas as medidas de austeridade, tomadas um pouco por toda a Europa, o que permitiu uma rápida recuperação da economia belga, aquela que mais está a crescer no espaço europeu, o que não pode deixar de ser um tema de reflexão. Agora, com acordo para formação de governo, será curioso seguir o rumo desse país
Aqui vos deixo algumas imagens de Bruxelas:
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