A Minha amiga Cecília Travanca fez-me chegar um artigo, transcrito igualmente no blog “A BEM DA NAÇÃO”, quanto a mim bastante esclarecedor e elucidativo sobre a atitudes das elites políticas, financeiras e económicas alemãs, com a srª Merkel à cabeça, para com os “povos inferiores e preguiçosos do sul” e , principalmente, sobre a sua atitude para estilhaçar o que resta do projecto europeu, nomeadamente a solidariedade e a subsidiariedade, dois objectivos que desapareceram do jargão europeísta desde que o Tratado de Lisboa entrou em vigor para fazer frete à dita senhora e ao seu amigo Sarko:
“Alemanha "rainha das dívidas"
"O historiador Albrecht Ritschl evoca em entrevista ao site de Der Spiegel ( a entrevista, à edição inglesa desse jornal alemão, pode ser lido AQUI) vários momentos na História do século XX em que a Alemanha equilibrou as suas contas à custa de generosas injecções de capital norte-americano ou do cancelamento de dívidas astronómicas, suportadas por grandes e pequenos países credores.
“Ritschl começa por lembrar que a República de Weimar viveu entre 1924 e 1929 a pagar com empréstimos norte-americanos as reparações de guerra a que ficara condenada pelo Tratado de Versalhes, após a derrota sofrida na Primeira Grande Guerra. Como a crise de 1931, decorrente do crash bolsista de 1929, impediu o pagamento desses empréstimos, foram os EUA a arcar com os custos das reparações.
“Guerra-fria cancela a dívida alemã
“Depois da Segunda Guerra Mundial, os EUA anteciparam-se e impediram que fossem exigidas à Alemanha reparações de guerra tão avultadas como o foram em Versalhes. Quase tudo ficou adiado até ao dia de uma eventual reunificação alemã. E, lembra Ritschl, isso significou que os trabalhadores escravizados pelo nazismo não foram compensados e que a maioria dos países europeus se viu obrigada a renunciar às indemnizações que lhe correspondiam devido à ocupação alemã.
“No caso da Grécia, essa renúncia foi imposta por uma sangrenta guerra civil, ganha pelas forças pró-ocidentais já no contexto da Guerra-fria.
“Por muito que a Alemanha de Konrad Adenauer e Ludwig Ehrard tivesse recusado pagar indemnizações à Grécia, teria sempre à perna a reivindicação desse pagamento se não fosse por a esquerda grega ficar silenciada na sequência da guerra civil.
“À pergunta do entrevistador, pressupondo a importância da primeira ajuda à Grécia, no valor de 110 mil milhões de euros, e da segunda, em valor semelhante, contrapõe Ritschl a perspectiva histórica: essas somas são peanuts ao lado do incumprimento alemão dos anos 30, apenas comparável aos custos que teve para os EUA a crise do subprime em 2008. A gravidade da crise grega, acrescenta o especialista em História económica, não reside tanto no volume da ajuda requerida pelo pequeno país, como no risco de contágio a outros países europeus.
“Tiram-nos tudo, "até a camisa"
“Ritschl lembra também que em 1953 os próprios EUA cancelaram uma parte substancial da dívida alemã – um haircut, segundo a moderna expressão – que reduziu a abundante cabeleira "afro" da potência devedora a uma reluzente careca. E o resultado paradoxal foi exonerar a Alemanha dos custos da guerra que tinha causado e deixá-los aos países vítimas da ocupação.
“E, finalmente, também em 1990 a Alemanha passou um calote aos seus credores, quando o chanceler Helmut Kohl decidiu ignorar o tal acordo que remetia para o dia da reunificação alemã os pagamentos devidos pela guerra.
“É que isso era fácil de prometer enquanto a reunificação parecia música de um futuro distante, mas difícil de cumprir quando chegasse o dia. E tinha chegado.
“Ritschl conclui aconselhando os bancos alemães credores da Grécia a moderarem a sua sofreguidão cobradora, não só porque a Alemanha vive de exportações e uma crise contagiosa a arrastaria igualmente para a ruína, mas também porque o calote da Segunda Guerra Mundial, afirma, vive na memória colectiva do povo grego. Uma atitude de cobrança implacável das dívidas actuais não deixaria, segundo o historiador, de reanimar em retaliação as velhas reivindicações congeladas, da Grécia e doutros países e, nesse caso,despojar-nos-ão de tudo, até da camisa". 21 Junho 2011
Álvaro José Ferreira”
A propósito do passado, que a actual elite politico/económico/financeira alemã procura esconder, vem também a propósito recordar o artigo, esta semana editado no jornal Público, sobre a colaboração do fundador da BMW (clicar para ler) (firma que continua controlada pelos descendentes desse senhor) com o nazismo, beneficiando do trabalho escravo de milhares de prisioneiros, judeus e outros.
Esta prática, de utilização do trabalho escravo de mão-de-obra constituída por prisioneiros, já era conhecida como tendo sido usada por parte de outras grandes empresa, como a Néstlé, a Audi, a Delmer-Benz, a Siemens e tantas outras empresas, muitas delas ainda dominantes na Europa e no mundo de hoje.
Muitas destas empresas, e outras como a Volkswagen, ou as filiais alemãs da Ford e da General Motors, colaboraram igualmente no esforço de guerra nazi, lucrando imenso com isso, sem que tenham pago convenientemente pelos seus crimes. Por exemplo, e conforme refere aquela mesma edição do jornal “Público” também a empresa Hugo Boss beneficiou financeiramente com o fabrico de fardamento para as SS, usando igualmente mão-de-obra escrava.
Há ainda que acrescentar a colaboração da maior parte do sector financeiro alemão e de outros países (como a Suiça), no financiamento do nazismo e da guerra que Hitler levou a vários cantos do mundo (um dos países mais sacrificados foi exactamente a Grécia).
Também se sabe que o campo de concentração de Auschwitz foi financiado pelos maiores bancos alemães.
Recentemente veio também a público que a IBM colaborou activamente com o nazismo na organização de ficheiros que ajudaram a localizar os judeus europeus, aplicando-se os primeiros processos técnicos de construção de base de dados que estiveram na origem da informática.
(A propósito da colaboração de empresas alemãs, e outras, com o nazismo, podem ler AQUi mais informações).
O grave, na maior parte desses casos, é que muitos dos administradores e das famílias detentoras dessas empresas e desses sectores financeiros, e que enriqueceram à frente delas graças à sua colaboração com o nazismo e ao modo como se aproveitaram da abundante mão-de-obra escrava, continuaram a geri-las no pós guerra, uns tentando limpar a sua consciência apoiando causas humanitárias ou a formação do Estado de Israel, outros tentando esquecer e branquear esse passado, mas continuando a tratar os países e os povos com a velha arrogância e os preconceitos da origem nazi da maior parte dessas famílias, como se vê pelo seu comportamento actual.
A propósito da revelação das ligações da família que domina a BMW ao regime nazi e ao modo como muitos empresários alemães, principalmente os ligados ao sector financeiro, continuaram a beneficiar da benevolência e do perdão por parte dos povos europeus no pós-guerra, por via da guerra-fria, bem como das ajudas financeiras proporcionadas pela aplicação do Plano Marshal, pela adesão da Alemanha à CEE, pelas ajudas, com sacrifício da evolução do bem-estar da maior parte dos europeus, à reunificação (ainda me lembro dos discursos políticos da época, apelando à austeridade solidária, a favor do bem-comum de um país em dificuldades), e, por último, como principais beneficiários da criação da moeda única, mas que, na hora de lhes pedir solidariedade para com países em dificuldade, respondem com a arrogância do costume, pela voz da srª Merkel, acusando os povos do sul de serem preguiçosos, aldrabões (logo inferiores aos “arianos” do norte…), de trabalharem menos que os alemães (afirmação que já foi desmontada pela verdade das estatísticas…) ou defendendo a perda de soberania desses países, ao mesmo tempo que encara o leste da Europa como o sonhado “espaço vital” dos interesses alemães, a propósito de tudo isto, tomamos aqui as palavras de Filipe Luís, jornalista do semanário Visão, que na edição desta semana recordava o conteúdo do romance "O Protocolo Budapeste":
"No livro, Adam Lebor ficciona sobre um suposto directório de firmas alemãs, que teria como missão restabelecer o domínio da Alemanha, não pela força das armas, mas da economia. Um dos passos fulcrais seria a criação de uma moeda única que obrigasse os países a submeterem-se a uma ditadura orçamental imposta desde Berlim. O outro, descapitalizar os Estados periféricos, provocar o seu endividamento, atacando-os, depois, pela asfixia dos juros da dívida, de forma a passar a controlar, por preços de saldo, empresas estatais estratégicas, através de privatizações forçadas. Para isso, o directório faria eleger governos dóceis em toda a Europa, munindo-se de políticos-fantoche em cargos decisivos em Bruxelas – presidência da Comissão e, finalmente, presidência da EU".
… por vezes a realidade pode ultrapassar a ficção….
(Em nota de rodapé, convém recordar que muitas empresas e parte do sector financeiro português beneficiaram igualmente da sua colaboração com o nazismo. Algumas das famílias que beneficiaram dessa colaboração e, no pós-guerra, da colaboração como o salazarismo e com a PIDE, são ainda hoje dominantes, quer no sector empresarial, quer, principalmente, no sector financeiro. Este tema tem sido estudado por Fernando Rosas e por António Louçã, entre outros).
Álvaro José Ferreira”
A propósito do passado, que a actual elite politico/económico/financeira alemã procura esconder, vem também a propósito recordar o artigo, esta semana editado no jornal Público, sobre a colaboração do fundador da BMW (clicar para ler) (firma que continua controlada pelos descendentes desse senhor) com o nazismo, beneficiando do trabalho escravo de milhares de prisioneiros, judeus e outros.
Esta prática, de utilização do trabalho escravo de mão-de-obra constituída por prisioneiros, já era conhecida como tendo sido usada por parte de outras grandes empresa, como a Néstlé, a Audi, a Delmer-Benz, a Siemens e tantas outras empresas, muitas delas ainda dominantes na Europa e no mundo de hoje.
Muitas destas empresas, e outras como a Volkswagen, ou as filiais alemãs da Ford e da General Motors, colaboraram igualmente no esforço de guerra nazi, lucrando imenso com isso, sem que tenham pago convenientemente pelos seus crimes. Por exemplo, e conforme refere aquela mesma edição do jornal “Público” também a empresa Hugo Boss beneficiou financeiramente com o fabrico de fardamento para as SS, usando igualmente mão-de-obra escrava.
Há ainda que acrescentar a colaboração da maior parte do sector financeiro alemão e de outros países (como a Suiça), no financiamento do nazismo e da guerra que Hitler levou a vários cantos do mundo (um dos países mais sacrificados foi exactamente a Grécia).
Também se sabe que o campo de concentração de Auschwitz foi financiado pelos maiores bancos alemães.
Recentemente veio também a público que a IBM colaborou activamente com o nazismo na organização de ficheiros que ajudaram a localizar os judeus europeus, aplicando-se os primeiros processos técnicos de construção de base de dados que estiveram na origem da informática.
(A propósito da colaboração de empresas alemãs, e outras, com o nazismo, podem ler AQUi mais informações).
O grave, na maior parte desses casos, é que muitos dos administradores e das famílias detentoras dessas empresas e desses sectores financeiros, e que enriqueceram à frente delas graças à sua colaboração com o nazismo e ao modo como se aproveitaram da abundante mão-de-obra escrava, continuaram a geri-las no pós guerra, uns tentando limpar a sua consciência apoiando causas humanitárias ou a formação do Estado de Israel, outros tentando esquecer e branquear esse passado, mas continuando a tratar os países e os povos com a velha arrogância e os preconceitos da origem nazi da maior parte dessas famílias, como se vê pelo seu comportamento actual.
A propósito da revelação das ligações da família que domina a BMW ao regime nazi e ao modo como muitos empresários alemães, principalmente os ligados ao sector financeiro, continuaram a beneficiar da benevolência e do perdão por parte dos povos europeus no pós-guerra, por via da guerra-fria, bem como das ajudas financeiras proporcionadas pela aplicação do Plano Marshal, pela adesão da Alemanha à CEE, pelas ajudas, com sacrifício da evolução do bem-estar da maior parte dos europeus, à reunificação (ainda me lembro dos discursos políticos da época, apelando à austeridade solidária, a favor do bem-comum de um país em dificuldades), e, por último, como principais beneficiários da criação da moeda única, mas que, na hora de lhes pedir solidariedade para com países em dificuldade, respondem com a arrogância do costume, pela voz da srª Merkel, acusando os povos do sul de serem preguiçosos, aldrabões (logo inferiores aos “arianos” do norte…), de trabalharem menos que os alemães (afirmação que já foi desmontada pela verdade das estatísticas…) ou defendendo a perda de soberania desses países, ao mesmo tempo que encara o leste da Europa como o sonhado “espaço vital” dos interesses alemães, a propósito de tudo isto, tomamos aqui as palavras de Filipe Luís, jornalista do semanário Visão, que na edição desta semana recordava o conteúdo do romance "O Protocolo Budapeste":
"No livro, Adam Lebor ficciona sobre um suposto directório de firmas alemãs, que teria como missão restabelecer o domínio da Alemanha, não pela força das armas, mas da economia. Um dos passos fulcrais seria a criação de uma moeda única que obrigasse os países a submeterem-se a uma ditadura orçamental imposta desde Berlim. O outro, descapitalizar os Estados periféricos, provocar o seu endividamento, atacando-os, depois, pela asfixia dos juros da dívida, de forma a passar a controlar, por preços de saldo, empresas estatais estratégicas, através de privatizações forçadas. Para isso, o directório faria eleger governos dóceis em toda a Europa, munindo-se de políticos-fantoche em cargos decisivos em Bruxelas – presidência da Comissão e, finalmente, presidência da EU".
… por vezes a realidade pode ultrapassar a ficção….
(Em nota de rodapé, convém recordar que muitas empresas e parte do sector financeiro português beneficiaram igualmente da sua colaboração com o nazismo. Algumas das famílias que beneficiaram dessa colaboração e, no pós-guerra, da colaboração como o salazarismo e com a PIDE, são ainda hoje dominantes, quer no sector empresarial, quer, principalmente, no sector financeiro. Este tema tem sido estudado por Fernando Rosas e por António Louçã, entre outros).
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