A cegueira, a incompetência, a ignorância e o carreirismo dos políticos europeus, e o modo como entregaram o futuro do euro e, o que é mais grave, o futuro dos cidadãos europeus, aos interesses especulativos dos mercados financeiros, ao mesmo tempo que revelam uma confrangedora falta de solidariedade comunitária e incapacidade de tomarem decisões rápidas, está a transformar a Europa num grande campo de batalha.
Por agora “apenas” nalgumas ruas e em zonas localizadas, como aconteceu em Londres este verão, em Roma este fim-de-semana, e ontem em Atenas, mas, se as soluções tardarem, se os piratas das agências de rating e os “mercados” que eles servem, continuarem a ser tratados com luvas de veludo, enquanto os sectores financeiros continuarem a poder recorrer aos paraísos fiscais para fugirem aos seus deveres para com os cidadãos, enquanto os bancos, em vez de serem penalizados pela sua ganância, continuarem a beneficiar do saque que está a ser feito aos contribuintes e aos trabalhadores europeus, o vírus anti-social dessa gente vai-se espalhar por toda a Europa, pelo menos pela Europa do euro.
Ainda ontem, uma dessas agências de criminosos voltou a descer o rating de Portugal, isto depois de outro desses grupos mafiosos ter feito o mesmo na véspera contra a Espanha e ter ameaçado a França, prova que a austeridade anunciada pelo nosso governo não os comove nem vai servir para nada, enquanto esses canalhas não forem colocados no seu devido lugar, que é no lixo que eles prometem aos cidadãos europeus.
Criar desesperados, que é aquilo que as actuais medidas de austeridade, aplicadas um pouco por toda a Europa, estão a fazer, mas para já com maior dolo na Grécia, em Portugal e na Irlanda, é aumentar o número daqueles que sentem que nada têm a perder, agindo como se viu ontem nas ruas de Atenas.
Se da próxima cimeira europeia de domingo nada sair de concreto, nomeadamente:
- se não se tomar uma posição conjunta contra a especulação financeira, contra a atitude criminosa das agências de rating, pela ilegalização dos off-shores e paraísos fiscais dentro do espaço europeu, confiscando todos os bens aí depositados;
- se não se tomarem medidas para combater o desemprego, em especial o dos jovens europeus, e para o crescimento económico do espaço europeu;
- se não se der início a uma negociação para criar, de facto, um espaço comum , não só com uma moeda comum, mas também com um sistema fiscal, salários, preços , condições de trabalho e sociais comuns;
-se nada se decidir para aumentar o controle democrático dos cidadãos europeus sobre as instituições financeiras e políticas europeias;
... se nada disso for feito, se tudo voltar a ser adiado, à espera que passe, à espera de um milagre na Grécia, em Portugal ou na Irlanda, à espera das eleições presidenciais francesas em 2012, à espera das eleições legislativas alemãs em 2013, o euro e a União Europeia estão condenados a desapareceram num mar de “sangue, suor e lágrimas”, em poucos meses.
Infelizmente, os actuais dirigentes europeus e as lideranças das suas instituições antidemocráticas, não auguram nada de bom…
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