Embora o problema de fundo não seja tanto a despesa pública, mas a despesa privada (provocada pela forma agressiva como os bancos “ofereceram” crédito barato), está muito na moda usar a metáfora da gordura para definir onde se deve cortar na despesa estatal.
Tem sido mais ou menos pacífico, da direita à esquerda, onde se alojam essas gorduras: nas parcerias público-privadas, nos boys do centrão espalhados pela administração pública, nas empresas municipais, na ineficiente máquina fiscal, incapaz de enfrentar a evasão fiscal, na ineficiência da Justiça, incapaz de combater a fraude e a corrupção, nos contratos milionários com gabinetes de advogados, nas assessorias, nas reformas milionárias pagas pelo Estado a ex-políticos, ex-gestores público e ex-governadores do Banco de Portugal, nas ajudas de custo e subvenções de que muitos beneficiam, nos projectos faraónicos e megalómanos adjudicados por favores políticos aos bancos e empresas do regime, etc, etc…
Ora este orçamento, em vez de ir por aí, cortando nas gorduras reais, faz da educação, da saúde, dos transportes públicos e dos funcionários públicos (os que exercem de facto um serviço público e não aqueles que se servem dos cargos da administração pública, onde foram colocados pelas suas "habilitações" partidárias), o alvo dos cortes orçamentais.
Era como se, para se emagrecer uma pessoa, em vez de se recorrer à lipoaspiração, lhe tirassem o estômago…
…Como se verá daqui a um ou dois anos, vamos pagar caro os preconceitos ideológicos deste governo...
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