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sexta-feira, 1 de maio de 2009

Duplamente Lamentável: a agressão a Vital Moreira e as afirmações de Vitalino Canas!

16 . 12 horas:
“Ofensas pessoais e água caíram sobre a delegação do PS, presidida por Vital Moreira, cabeça de lista às eleições europeias, após os habituais cumprimentos à direcção da CGTP, ainda antes do início do desfile do Dia do Trabalhador, em Lisboa.“Manuela Augusto, presidente do Departamento Nacional das Mulheres Socialistas (DNMS), que, na altura acompanhava Vital Moreira, juntamente com os socialistas Ana Gomes e Vítor Ramalho, contou ao PÚBLICO que alguns manifestantes terão insultado a comitiva socialista ainda antes da troca de cumprimentos com o secretário-geral da CGTP, Carvalho da Silva. Porém, quando o grupo se preparava para abandonar o Martim Moniz, zona de concentração da manifestação da Intersindical, e rumava para os Restauradores foi perseguido por alguns manifestantes que “atiraram água” e lançaram “insultos muito fortes, mesmo ofensas pessoais”. “Manuela Augusto diz que os manifestantes tentaram ainda “empurrar” a delegação, mas “muitos participantes” do desfile da CGTP correram em auxílio dos socialistas. “Muitos manifestantes indignaram-se com aquela cena e afirmaram bem alto que aquilo era inadmissível.” O líder do DNMS notou ainda que Carlos Trindade, dirigente da CGTP, fez questão de “pedir desculpas em seu nome e em nome da Intersindical”¸ lamentando o sucedido. “Contactado pelo PÚBLICO, um dos assessores de imprensa do PS, Ricardo Pires, que acompanhava Vital Moreira, desdramatizou a situação, escusando-se a confirmar se o candidato socialista ao Parlamento Europeu ficou ferido. Ricardo Pires apontou ainda que o programa anunciado ontem no site do PS prosseguiu, com a comitiva a deslocar-se para os Restauradores para cumprimentar a direcção da UGT, que aí instalou o seu palco para os discursos do 1º de Maio. No entanto, Pires confirmou que, até ao fim da tarde, o PS irá fazer uma conferência na sede do partido, no Rato, sobre o que aconteceu esta tarde.”
17.47h:
“Vital Moreira considera que os insultos e as agressões de que foi alvo esta tarde, depois de ter cumprimentado a direcção da CGTP, no Martim Moniz, configuram um acto de “animosidade contra um antigo militante do PCP que não enjeita o seu percurso político, mas também não renuncia às circunstâncias” que levaram ao seu abandono do partido.“Em declarações ao PÚBLICO, o cabeça de lista do PS às eleições europeias afirmou ter sido alvo de “sectarismo e intolerância”, salientando que a situação tem uma “clara leitura política”. “É uma das tragédias em Portugal esta do sectarismo, de utilizar as vias de facto. Acções destas não prestigiam as forças políticas a que aquelas criaturas pertencem”, disse, escusando-se a explicitar a que “forças políticas” se referia. E prosseguiu: “Acções destas não prestigiam a Intersindical, que não é propriedade do PCP, e também desprestigiam o 1º de Maio.” “Ouvido pela SIC Notícias, Vital Moreira disse ainda que só podia “deplorar estes desacatos” que, em seu entender, “degradam o sindicalismo e degradam o 1º de Maio”. E acrescentou: “Há partidos que julgam que são proprietários das pessoas, mesmo que elas tenham saído há mais de 20 anos, como eu.”“O secretário-geral do PCP não quis comentar as agressões e os insultos a Vital Moreira, alegando que não viu o incidente. “Não vou comentar aquilo que não vi”, disse, citado pela Lusa.“Às 18h45, vai realizar-se uma conferência de imprensa, na sede nacional do partido, no Largo do Rato, na qual o porta-voz dos socialistas, Vitalino Canas, irá anunciar a posição do PS sobre os acontecimentos desta tarde.”
18.15h
“O secretário-geral da CGTP, Carvalho da Silva, não quis repetir as desculpas já apresentadas a Vital Moreira e à delegação do PS por Carlos Trindade, dirigente da Intersindical, poucos minutos depois das agressões e ofensas contra os socialistas. “Não vamos prolongar isso”, disse, em declarações aos jornalistas na Alameda Afonso Henriques após os discursos do 1º de Maio.“Não foi a CGTP”, disse, “foi um ou outro trabalhador.” Carvalho da Silva alertou, porém, para a “reflexão” que os partidos devem fazer nas vésperas de um acto eleitoral e num contexto de crise económica. “Estamos às portas das campanhas eleitorais e estão aqui trabalhadores em grande sofrimento. É preciso que a campanha eleitoral respeite o que as pessoas estão a sentir e que se faça disto um ensinamento”, afirmou, sem querer acusar explicitamente o PS de aproveitamento político no Dia do Trabalhador. No entanto, o líder sindical não se furtou a deixar um recado: “É necessário que os partidos façam uma reflexão sobre a acção política em período de campanha eleitoral e que respeitem as condições das pessoas.” “Algumas horas antes, Carlos Trindade apresentou pessoalmente as “desculpas formais” da CGTP a Vital Moreira e à delegação do PS: “É uma situação grave e quero apresentar desculpas formais da CGTP. Obviamente que Vital Moreira e a delegação do PS são bem-vindos à manifestação da CGTP.” “Em jeito de explicação para o sucedido, o dirigente da Intersindical afirmou que estas situações “traduzem momentos de desespero e de muito desemprego”, notando que o ataque contra Vital Moreira foi “uma atitude de desespero”. “Há trabalhadores desesperados que, em vez de reagirem contra a crise, reagiram desta forma desesperada”, disse.”
20.04h
“O porta-voz do PS, Vitalino Canas, considera que as ofensas de que foi vítima o candidato socialista às eleições europeias, Vital Moreira, constituem uma “agressão contra o Partido Socialista” e responsabilizou a CGTP e o PCP pelo incidente que marcou as comemorações do 1º de Maio.“Numa conferência de imprensa realizada ao fim da tarde, na sede nacional do partido, no Largo do Rato, em Lisboa, Vitalino Canas classificou os insultos e as agressões contra Vital Moreira e uma delegação socialista como um “acto de cobardia” e designou-os como sendo o resultado do “ódio” instigado pelos comunistas e pela Intersindical ao longo desta legislatura. “A CGTP e o PCP criaram, durante esta legislatura, um ambiente de ódio. E este acontecimento foi a expressão desse ódio que foi sendo gerado contra o PS”, afirmou. “O porta-voz dos socialistas referiu ainda que “nem a CGTP nem o PCP apresentaram desculpas ao PS e a Vital Moreira” e criticou Carvalho da Silva, secretário-geral da Intersindical, por este ter afirmado que “não tem de pedir desculpas”. “Preferia que essas declarações não tivessem sido feitas”, notou Vitalino Canas, frisando que o incidente “não pode passar sem as desculpas formais do PCP e da CGTP”. “Lembrando que a comitiva liderada por Vital Moreira fez questão de cumprimentar a direcção da CGTP, antes do início do desfile do Dia do Trabalhador, para “cumprir um acto de humildade e cortesia democráticas”, Canas reiterou que, em troca, “o PS foi agredido”. “Tratou-se de um ataque ao PS através do professor Vital Moreira”, afirmou.”
(Notícias da autoria da Jornalista Maria José Oliveira na Público online deste dia 1º de Maio).

Também nós lamentamos o sucedido.
Assisti no local a parte do discurso de Carvalho da Silva e pareceu-me sincero o incómodo que aquela situação, que ele próprio lamentou e condenou logo no início da sua intervenção, lhe provocou.
Também parece ter existido, no primeiro momento após o incidente algum bom senso de ambas as partes, como refere a primeira notícia acima transcrita.
Infelizmente, a necessidade de criar um caso político, com base num incidente lamentável, talvez tentando repetir a velha história da agressão a Mário Soares na Marinha Grande, com o objectivo de dar algum vigor à triste campanha de Vital Moreira para as eleições europeias, levou a que, em vez de se tentar serenar ânimos, se procurasse lançar achas na fogueira.
Mais uma vez esse papel coube ao inenarrável Vital Canas.
Se o incidente teve inicio com a atitude irresponsável de um grupo de arruaceiros e extremistas, acabou por ganhar um novo impulso, desta vez pela mão dos “arruaceiros engravatados”, oportunistas e irresponsáveis que enxameiam a liderança política actual do PS, tendo á cabeça o dito Canas.
O uso e abuso da vitimização da candidatura de Vital Moreira, iniciada no debate do Prós e Contras, continuada no debate com Paulo Rangel e agora com a tentativa de aproveitamento político deste acontecimento vergonhoso, vai contribuir para uma abstenção histórica nas eleições europeias.
Seguem-se novos episódios, provavelmente tão lamentáveis como este.

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