Sem brilho, com muita demagogia, sem grandes novidades ou novas ideias, termina hoje uma das mais penosas campanhas eleitorais de sempre.
Cavaco vai vencer, só não se sabe quando ou por quanto. Mas Cavaco sai bastante chamuscado desta campanha e, a não ser que tenha uma vitória esmagadora, acima dos 60%, se abstenção for abaixo dos 45%, perde muita da legitimidade que tinha conquistado com a presidência.
Ficou evidente a sua ligação ao polvo do BPN, assunto que não vai poder morrer aqui, destruindo a imagem de “homem sério” que andou a cultivar.
Também veio ao de cima o Cavaco arrogante dos tempos do governo e, mais grave ainda, demonstrou concordância com as malfeitorias dos “mercados”, pela forma como apelou a que se aceitasse, sem reagi r, às actividades de terrorismo económico a que esses “mercados” se dedicam contra Portugal, e os portugueses precisavam de um Presidente que os enfrentasse com coragem.
Fica ainda evidente o “respeito” que Cavaco tem pela democracia, quando faz chantagem com a reacção dos “mercados” à realização de uma segunda volta. Para Cavaco a Democracia é uma chatice. (não se podia interrompê-la, como desejava a sua amiga Ferreira Leite?).
Por último, a reeleição de Cavaco, e ao contrário do que muitos pensam, é uma bóia de salvação para Sócrates. Este, aliás, andou-se a passeara convenientemente pelo Médio Oriente com a sua corte para não se comprometer em demasia com Alegre.
Alegre, nestas eleições, não revelou o fulgor que o caracterizou noutras campanhas, em parte pela contradição ideológica que representa a sua base .
Alegre, se não conseguir ir a uma segunda volta, pode ser o principal derrotado destas eleições, derrota que se pode estender ao interior do próprio PS. Uma derrota significativa de Alegre é uma vitória esmagadora para Sócrates e para o seu bando, no interior do PS.
Fernando Nobre mostrou muita falta de jeito para a política, realidade que o próprio nunca renegou, mas a sua actividade cívica responde por si. Se conseguir mais de 10% dos votos pode sonhar com novos voos, ele e as ideias que ele representa, em defesa da cidadania e de uma democracia mais pura e mais independente dos partidos.
Francisco Lopes, que foi uma das surpresas pela positiva nesta campanha, se conseguir um resultado acima dos 8%, pode aspirar a um papel mais interventivo dentro do PCP e até pode representar o rosto da mudança dentro desse partido.
Os outros candidatos pouco contam, mas vão obter alguns ganhos pessoais pela projecção que esta campanha lhes deu, e, por isso, ainda vamos ouvir falar neles.
Pessoalmente voto em Fernando Nobre, mas sem grandes ilusões sobre o resultado final destas eleições.
Sem comentários:
Enviar um comentário