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terça-feira, 11 de janeiro de 2011

PRESIDENCIAIS 2011

Está na estrada mais uma campanha eleitoral, marcada pela crise económica, pelos escândalos políticos do BPN e do BPP e à sombra do FMI.

Cavaco e Silva sai para esta campanha com vantagem e com um único objectivo: a reeleição à primeira volta.

Qualquer outro resultado, mesmo uma vitória à segunda volta, irá fragilizá-lo politicamente. Um candidatura que parecia um passeio de regresso a Belém, está contudo a tornar-se num verdadeiro pesadelo político, devido ao modo pouco habilidoso como se tem tentado libertar do caso BPN. Como alguém afirmou, para estas eleições Cavaco só pode temer a sua própria falta de jeito para se relacionar com a pressão da política e a comunicação social.

Ao contrário do que muitos julgam, uma vitória de Cavaco Silva à primeira volta é, em princípio, uma garantia de sobrevivência para José Sócrates.

Para Cavaco só há uma vitória possível: ganhar à primeira volta. Qualquer outra situação deve ser encarada como uma derrota do candidato.

Manuel Alegre envolve-se nesta campanha como o candidato aparentemente mais bem colocado para a difícil tarefa de derrotar Cavaco, mas perdeu muito da novidade, irreverência e da frescura da anterior campanha. Tem gerido com alguma dificuldade a aparente contradição de ter nos seus apoios o PS oficial e o BE. O apoio, mesmo que envenenado, que Sócrates lhe deu, retirou-lhe muita da legitimidade para se apresentar como o candidato dos críticos às políticas anti-sociais de Sócrates.

Veremos até que ponto o apoio oficial do seu partido é uma mais-valia, ou se, pelo contrário, não vai ser esse apoio, pouco entusiasmado do PS oficial, que lhe custará uma derrota eleitoral estrondosa. No seu íntimo, Sócrates deve estar a torcer por esta situação.

Uma vitória de Cavaco e uma derrota esmagadora de Alegre representaria uma grande vitória para Sócrates e um verdadeiro balão de oxigénio para a sua sobrevivência política. Manteria o principal apoiante das suas medidas anti-sociais em Belém e derrotaria o principal líder da oposição interna no seu partido, lançando esta no caos.

Para Alegre, será uma vitória se, no mínimo, vier a disputar uma segunda volta contra Cavaco. Uma derrota da sua candidatura será, por um lado não conseguir esse objectivo mínimo, e por outro ter uma votação inferior à das anteriores presidências. Um desastre completo seria ficar em terceiro nesta corrida eleitoral.

Fernando Nobre é o verdadeiro outsider destas eleições, mas a sua inexperiência política, que perante um eleitorado descontente com os políticos profissionais pode representar uma vantagem, tem tornado difícil descolar a sua campanha.

Contudo, a sua candidatura tem a vantagem de atrair muitos eleitores que, sem ele, se refugiariam na abstenção, sendo também o único candidato que pode aspirar ir buscar votos ao eleitorado tradicional de Cavaco. Uma boa votação deste candidato, acima do 10%, pode ser a condição para a realização de uma segunda volta.

Fernando Nobre tem ainda o condão de trazer o exercício da cidadania para o campo da política, o que pode ser uma mais-valia para o futuro.

Uma vitória para Fernando Nobre seria passar à segunda volta ou ultrapassar Alegre. Uma vitória “moral” seria, mesmo atrás de Alegre, contribuir para a realização de uma segunda volta e/ou ter uma votação a rondar os 15%. Uma derrota será ficar pior classificado que o terceiro lugar e/ou obter um resultado inferior a 10%.

Francisco Lopes é o candidato habitual através do qual o PCP procura segurar o seu eleitorado e foi uma aposta na ortodoxia, embora este candidato se tenha mostrado menos “cinzento” do que aquilo que muitos esperavam. De qualquer modo não tem o carisma de Jerónimo de Sousa. Qualquer resultado abaixo dos 8% e que não seja o terceiro lugar será sempre uma derrota para este candidato. Contudo, se fixar o voto comunista , que se absteria noutras condições, pode contribuir, por pouco que seja (pelo menos 5%), para a realização de uma segunda volta, o que seria uma meia-vitória.

Defensor de Moura acabou por ter um papel crucial, ao fazer tremer Cavaco pela forma como recolocou no debate político o caso BPN e a mal esclarecida ligação de Cavaco com os “boys” desse banco. Se Cavaco se vir forçado a disputar uma segunda volta, Defensor de Moura pode reivindicar para si e para a sua estratégia um feito que parecia impossível à partida para estas eleições, mesmo que, como se espera, tenha um resultado abaixo dos 5%. Ultrapassar Francisco Lopes e obter mais que 5% será para si uma meia vitória.

Por último o candidato José Coelho, pode vir a ser uma surpresa, podendo atrair muitos eleitores descontentes com o regime e que se identifiquem com o populismo da sua campanha. Também ele pode atrair algum eleitorado que habitualmente se abstém, contribuindo assim para travar uma vitória à primeira volta de Cavaco, principalmente se tiver um resultado acima dos 5%. É o único candidato que não terá nada a perder. Qualquer resultado acima daquela percentagem de votos ou que não seja a última posição já será para si uma vitória. Veremos até onde pode ir o “efeito Tiririca” desta candidatura.

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