Voltamos hoje a fazer o balanço semanal da evolução do COVID-19 à
escala mundial, com base na comparação da situação de um grupo de países.
Durante as primeiras 4 semanas (AQUI,
AQUI, AQUI e AQUI) comparámos um conjunto de 20 países, com base
num critério já explicado na primeira dessas publicações.
A partir de hoje vamos passar a incluir mais um conjunto de 15 países,
entre eles alguns do designados como “inteligentes” pelo governo chauvinista da
Áustria, e que não estavam incluídos naqueles 20 (como a Austrália, a Nova
Zelândia, Israel, República Checa, e Singapura), resolvendo incluir outros
países que, só por razões políticas ou de puro racismo não foram incluídos naquela
classificação abusiva (Islândia, Canadá, Japão, África do Sul, Palestina, Cuba
e Noruega).
Aproveitámos essa renovação para passarmos a incluir países
que, pela sua dimensão, ou por mera curiosidade, podem enriquecer aquela
informação (Turquia, Rússia e Índia).
Esta semana ainda não é possível fazer as comparações que temos feito, com
o total de 35 países agora incluídos, num dos critérios de comparação, pois não
recolhemos dados nas semana anterior para esses novos 15 países.
A inclusão desses países ditos “inteligentes” vai permitir acabar ou
confirmar esse mito de superioridade, embora alguns casos só se venham a
revelar falaciosos com o evoluir das semanas, tal como já aconteceu com outros
mitos anteriores, como foram os “casos” holandês, sueco e mesmo o finlandês.
Tal como nas semanas anteriores, começamos com a publicação do último
número de mortos registados pela OMS com a data de hoje (7 de Maio), embora
alguns casos possam ser reportados às 24 horas anteriores:
TOTAL DE FALECIDOS A NÍVEL MUNDIAL – 251 446;
Lista decrescente do nº de Mortos entre os 35 países escolhidos:
ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA – 65 197 mortos por COVID-19;
REINO UNIDO – 29 427;
ITÁLIA – 29 315;
FRANÇA – 25 491;
ESPANHA – 25 329;
BÉLGICA – 8 016;
BRASIL – 7 921;
ALEMANHA – 6 996;
IRÃO – 6 418;
HOLANDA – 5 168;
CHINA – 4 643;
CANADÁ – 4 111;
TURQUIA – 3 520;
SUÉCIA – 2 854;
ÍNDIA – 1 694;
RÚSSIA – 1 537;
SUIÇA – 1 482;
IRLANDA – 1 339;
MÉDIA MUNDIAL – (TOTAL MUNDIAL a DIVIDIR POR 195 países) – 1 304;
PORTUGAL – 1 074;
ÁUSTRIA – 606;
JAPÃO – 551;
DINAMARCA – 503;
REPÚBLICA CHECA – 257;
COREIA DO SUL – 256;
FINLÂNDIA – 246;
ISRAEL – 237;
NORUEGA – 209;
ÁFRICA DO SUL – 153;
GRÉCIA – 146;
AUSTRÁLIA – 97;
CUBA – 69;
NOVA ZELÂNDIA – 21;
SINGAPURA – 20;
ISLÂNDIA – 10;
PALESTINA – 4.
A maior alteração em relação à semana anterior é a subida do Reino
Unido a segundo país com maior número e mortos.
Registe-se também a passagem, a nível mundial, da barreira dos 250 mil
mortos, ultrapassando significativamente o número de mortos de outra das
maiores tragédias deste século, o tsunami de 26 de Dezembro de 2004, no Índico,
com a diferença que a epidemia levou cerca de 4 meses a atingir esse número à
escala mundial, enquanto aquela tragédia aconteceu num só dia, em poucos
minutos e numa área geográfica reduzida.
Pela primeira vez incluímos a média por país à escala global, sendo
significativa a situação de países geralmente apontados como “exemplo”, a
Alemanha, a Suécia e a Holanda, que ultrapassam largamente aquele limite,
enquanto Portugal está pouco abaixo daquela média.
Percebe-se um pouco do critério usado para a escolha dos países “inteligentes”
pela Áustria, mas o critério esbarra numa análise mais fina. Como se justifica
o convite à Alemanha (que o recusou) ou o facto de não se ter alargado o
convite a países como Portugal, Japão, Coreia do Sul, Finlândia, Noruega ou
África do Sul?
Mais escandalosa ainda é a preferência de Israel para ser incluído nesse
grupo de “governos superiores” em detrimento da Palestina. A Palestina, apesar
de todos os boicotes israelitas e das dificuldades económicas, consegue um do
números mais reduzidos de mortos a nível mundial, diferença ainda mais gritante
se comparada com a situação de Israel.
Contudo, os números em bruto dos mortos por COVID-19 pode distorcer a
realidade, pois não tem em conta a dimensão, demográfica e geográfica de cada
país, assim como a relação com o número de infectados.
Mas antes de passarmos à análise desses dois critérios mais
esclarecedores, vamos observar a evolução da última semana, análise que esta
semana só é possível fazer com os 20 países que inicialmente escolhemos para
esta comparação, já que não pudemos recolher atempadamente os dados dos novos
15 países incluídos para elaborar esta relação:
AUMENTO PERCENTUAL DO Nº DE MORTOS REGISTADOS ENTRE O DIA 30 de ABRIL E
O DIA 7 DE MAIO (por ordem decrescente):
BRASIL – aumento de 57,88% de mortes em relação aos nº total registado
na semana anterior;
REINO UNIDO – 35,74%;
ESTADOS UNIDOS – 24,35%;
FINLÂNDIA – 23,61%;
SUÉCIA – 21,18%;
NO MUNDO – 19,15%;
DINAMARCA – 15,89%;
IRLANDA – 15,53%;
ALEMANHA – 14,49%;
PORTUGAL – 13,29%;
HOLANDA – 13,18%;
BÉLGICA – 9,34%;
FRANÇA – 7,88%;
IRÃO – 7,73%;
SUIÇA – 7,46%;
GRÉCIA – 7,35%;
ITÁLIA – 7,14%;
AUSTRIA – 6,50%;
ESPANHA – 6,32%;
COREIA DO SUL – 3,64%;
CHINA – 0%.
No geral, em relação à semana anterior, regista-se um abrandamento na
velocidade de propagação.
Contudo ainda existem alguns casos preocupantes, como o Brasil, o Reino
Unido e os Estados Unidos.
Pode-se afirmar que os que evoluem a uma velocidade maior que a média mundial, continuam perigosamente “destravados”.
São de registar os casos da Finlândia e da Suécia que continuam a
crescer acima da média, apesar da Finlândia, que está neste grupo há três
semanas, continue a partir de uma base reduzida de casos.
É animador o aumento de países com um crescimento semanal inferior a 10%,
especialmente o caso de países que registaram uma grande mortalidade.
A situação em Portugal também regista um abrandamento significativo, de
um aumento semanal de 20,79% na semana anterior, então ligeiramente acima da
média mundial, desceu para os 13,29%.
Uma outra forma de olhar para os números é a percentagem de mortalidade
entre os infectados, um valor que pode ser interpretado como uma maior ou menor
resiliência do Sistema de Saúde, mas que também pode ser condicionado pela
existência de uma população mais ou menos envelhecida:
Percentagem de Mortos em Relação ao número de Infectados registados:
FRANÇA – 19,41%;
BÉLGICA – 15,87%;
REINO UNIDO – 15,09%;
ITÁLIA – 13,76%;
HOLANDA – 12,57%;
SUÉCIA – 12,29%;
ESPANHA – 11,54%;
MÉDIA MUNDIAL – 6,91%;
BRASIL – 6,90%;
CANADÁ – 6,58%;
IRÃO – 6,31%;
IRLANDA – 6,09%;
GRÉCIA – 5,52%;
CHINA – 5,5%;
ESTADOS UNIDOS – 5,46%;
DINAMARCA – 5,12%;
SUIÇA – 4,95%;
FINLÂNDIA – 4,54%;
ALEMANHA – 4,24%;
PORTUGAL – 4,17%;
CUBA – 4,05%;
AUSTRIA – 3,88%;
JAPÃO – 3,56%;
ÍNDIA – 3,42%;
REPÚBLICA CHECA – 3,25%;
TURQUIA – 2,71%;
NORUEGA – 2,64%;
COREIA DO SUL – 2,36%;
ÁFRICA DO SUL – 1,95%;
NOVA ZELÂNDIA – 1,84%;
ISRAEL – 1,45%;
AUSTRÁLIA – 1,41%;
RÚSSIA – 0,92%;
PALESTINA – 0,73%;
ISLÂNDIA – 0,55%;
SINGAPURA – 0,09%.
De notar a posição de Portugal, melhor colocado que alguns dos proclamados “inteligentes”, como a Grécia, a Dinamarca e a Alemanha, estando
muito próximo da Áustria e da República Checa.
Ainda menos se percebe aquela abusiva classificação se olharmos para os
dados de países excluídos desse grupo, como a Noruega, a Coreia do Sul, a
África do Sul, a Palestina e a Islândia.
Terminamos com a última lista elaborada com um outro critério, talvez o
menos falível para aferir comparativamente da resiliência de cada país, onde se
calcula o nº de mortos registados por cada 100 mil habitantes:
BÉLGICA – 69,97 mortos por cem mil habitantes;
ESPANHA – 54,19;
ITÁLIA – 48,54;
REINO UNIDO – 44,55;
FRANÇA – 38,05;
HOLANDA – 29,87;
SUÉCIA – 27,91;
IRLANDA – 27,56;
ESTADOS UNIDOS – 19,83;
SUIÇA – 17,38;
CANADÁ - 10,81;
PORTUGAL – 10,43;
DINAMARCA – 8,66;
ALEMANHA – 8,43;
IRÃO – 7,80;
ÁUSTRIA – 6,83;
FINLÂNDIA – 4,55;
TURQUIA – 4,23;
NORUEGA – 3,89;
BRASIL – 3,76;
MUNDO – 3,26;
ISLÂNDIA – 2,73;
ISRAEL – 2,57;
REPÚBLICA CHECA – 2,40;
GRÉCIA – 1,35;
RÚSSIA – 1,04;
CUBA – 0,61;
COREIA DO SUL – 0,49;
JAPÃO – 0,43;
NOVA ZELÂNDIA – 0,42;
AUSTRÁLIA – 0,37;
SINGAPURA – 0,35;
CHINA – 0,33;
ÁFRICA DO SUL – 0,26;
ÍNDIA – 0,12;
PALESTINA – 0,08.
Este quadro revela que se pode considera positivo um país que registe
uma média de menos de 3 mortos por 100 mil habitantes e razoável uma relação de
5 por cem mil.
A situação pode ser preocupante ou mesmo desastrosa quando essa relação ultrapassa os 15
caso por cem mil.
De qualquer modo, este critério de análise também não parece explicar a
tal designação de “inteligentes” para uns e ignorar outros com resultados
idênticos.
Existe ainda uma situação algo incongruente com a realidade, o caso do
Brasil, beneficiando da sua grande dimensão para disfarçar a gravidade da situação desse país.
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