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domingo, 3 de maio de 2020

…realizar as cerimónias do 13 de Maio em Fátima?...e porque não?



Um dos argumentos mais demagógicos usados para criticar a realização das celebrações do 1º de Maio na Alameda, organizadas pela CGTP, foi a absurda comparação com as cerimónias religiosas do 13 de Maio.

Houve até um comentador espertalhão do jornal “Público” que “descobriu”, no decreto do Estado de Emergência, a referência a uma única data como excepção, o 1º de Maio, contribuindo para alimentar aquela comparação.

Sucede, contudo que o Estado de Emergência terminou…ontem!...e para o 13  de Maio ainda faltam quase 15 dias.

Ontem também, a Ministra da Saúde, numa rasteirosa entrevista que a SIC lhe fez, acabou por afirmar o óbvio: (afinal) até se podem realizar as cerimónias do 13 de Maio, desde que respeitem as normas e as recomendações da Direcção Geral de Saúde (DGS), tal como sucedeu com o 1º de Maio.

Ou seja, é totalmente aceitável a realização das cerimónias em Fátima no 13 de Maio, desde que sigam o exemplo do que se fez na Alameda durante o 1º de Maio, isto é, respeitar o distanciamento de 2 metros, através de sinalização no chão, usar máscaras (apesar de não serem obrigatórias ao ar livre), ter à disposição quantidades significativas de soluções de álcool gel, duração curta da cerimónia e não ter uma presença superior a cerca de mil pessoas (a Alameda das peregrinações e a Alameda de Lisboa têm, mais ou menos, a mesma dimensão).

O número de mil até um número por alto, comparativamente com o número de pessoas no 1º de Maio (o “Público” aponta para 600 pessoas, a RTP1 para 500 e a SIC, sempre exagerada e excessiva, para mil).

Além disso, deve ser tudo organizado em conjunto com a DGS e as forças de segurança e, quem organiza, deve tentar evita ao mínimo, tanto em espaço como em tempo, as inevitáveis aglomerações no momento da chegada e da partida dos peregrinos, até porque o vírus só se transmite por superfícies contaminadas ou se alguém espirrar ou tossir de forma significativa, pois uma simples conversa só se torna perigosa se, não havendo espirros ou tosse,  as pessoas estiverem a falar ou muito juntas mais de 10 a 15 minutos.

A forma como a CGTP organizou o 1º de Maio elevou muito a fasquia da realização de futuras concentrações, pelo menos enquanto durar este período de contenção.

Mas a vida não para, como nunca parou noutras ocasiões históricas semelhantes.

Convém ainda recordar que vivemos num Estado laico, cabendo à Igreja a decisão e a organização da realização das cerimónias, desde que garanta as recomendações da DGS e preserve as condições de Saúde Pública, tal como o fez a CGTP no 1º de Maio.

Claro que existem sempre riscos imprevisíveis, mas a vida é mesmo assim.

Como baptizado, agnóstico não praticante, não alinho em fundamentalismos, quer dos que viram o “diabo” nas cerimónia do 1º de Maio, e andaram de régua e esquadro mental a medir a distância e os aglomerados, quer de qualquer tentação de alinhar num anticlericalismo primário em relação à realização das cerimónias do 13 de Maio.

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