Um dos argumentos mais demagógicos usados para criticar a realização
das celebrações do 1º de Maio na Alameda, organizadas pela CGTP, foi a absurda
comparação com as cerimónias religiosas do 13 de Maio.
Houve até um comentador espertalhão do jornal “Público” que “descobriu”,
no decreto do Estado de Emergência, a referência a uma única data como
excepção, o 1º de Maio, contribuindo para alimentar aquela comparação.
Sucede, contudo que o Estado de Emergência terminou…ontem!...e para o
13 de Maio ainda faltam quase 15 dias.
Ontem também, a Ministra da Saúde, numa rasteirosa entrevista que a SIC
lhe fez, acabou por afirmar o óbvio: (afinal) até se podem realizar as
cerimónias do 13 de Maio, desde que respeitem as normas e as recomendações da
Direcção Geral de Saúde (DGS), tal como sucedeu com o 1º de Maio.
Ou seja, é totalmente aceitável a realização das cerimónias em Fátima no
13 de Maio, desde que sigam o exemplo do que se fez na Alameda durante o 1º de
Maio, isto é, respeitar o distanciamento de 2 metros, através de sinalização no
chão, usar máscaras (apesar de não serem obrigatórias ao ar livre), ter à
disposição quantidades significativas de soluções de álcool gel, duração curta
da cerimónia e não ter uma presença superior a cerca de mil pessoas (a Alameda
das peregrinações e a Alameda de Lisboa têm, mais ou menos, a mesma dimensão).
O número de mil até um número por alto, comparativamente com o número
de pessoas no 1º de Maio (o “Público” aponta para 600 pessoas, a RTP1 para 500
e a SIC, sempre exagerada e excessiva, para mil).
Além disso, deve ser tudo organizado em conjunto com a DGS e as forças
de segurança e, quem organiza, deve tentar evita ao mínimo, tanto em espaço
como em tempo, as inevitáveis aglomerações no momento da chegada e da partida
dos peregrinos, até porque o vírus só se transmite por superfícies contaminadas
ou se alguém espirrar ou tossir de forma significativa, pois uma simples
conversa só se torna perigosa se, não havendo espirros ou tosse, as pessoas estiverem a falar ou muito juntas
mais de 10 a 15 minutos.
A forma como a CGTP organizou o 1º de Maio elevou muito a fasquia da realização
de futuras concentrações, pelo menos enquanto durar este período de contenção.
Mas a vida não para, como nunca parou noutras ocasiões históricas
semelhantes.
Convém ainda recordar que vivemos num Estado laico, cabendo à Igreja a
decisão e a organização da realização das cerimónias, desde que garanta as
recomendações da DGS e preserve as condições de Saúde Pública, tal como o fez a
CGTP no 1º de Maio.
Claro que existem sempre riscos imprevisíveis, mas a vida é mesmo
assim.
Como baptizado, agnóstico não praticante, não alinho em
fundamentalismos, quer dos que viram o “diabo” nas cerimónia do 1º de Maio, e
andaram de régua e esquadro mental a medir a distância e os aglomerados, quer
de qualquer tentação de alinhar num anticlericalismo primário em relação à
realização das cerimónias do 13 de Maio.
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