Vicenç Navarro é catedrático de economia na Universidade de Barcelona, professor de Politicas Públicas numa Universidade de Baltimore (USA) e dirige o Observatório Social de Espanha.
É um dos investigadores espanhóis mais citados em publicações cientificas e é autor de uma coluna nas páginas do jornal espanhol on-line "Publico", intitulada "Pensamento Crítico".
Na sua crónica de hoje denuncia a forma como a banca espanhola está a usar e a abusar da sua influência para se financiar à custa dos Fundos Sociais espanhóis.
Mas muito daquilo que ele denuncia nessa crónica, mudando alguns factos e alguns nomes, podia ser escrito sobre Portugal:
"A banca privada está sobredimensionada em Espanha" ( e não podíamos dizer o mesmo sobre Portugal?), situação que ele considera como muito negativa para a economia daquele país porque "ocupa um espaço demasiado grande dentro dela" (e, será, que não podíamos afirmar o mesmo em relação a Portugal?).
Escreve aquele economista que, uma "das causas" desse "sobredimensionamento da banca privada é a sua enorme influência ( que alcança, nalgumas ocasiões, a categoria de controle) sobre as instituições políticas e mediáticas deste país" (também não podíamos dizer a mesma coisa sobre Portugal?).
Esse articulista analisa nesse artigo (que pode ser lido integralmente AQUI ) o " silencio dos media sobre o assalto ao Fundo de Reserva de Pensões da Segurança Social por parte do governo Rajoy e dos seus amigos da banca", explicando o modo como as políticas anti-sociais de Rajoy ( e iniciadas por Zapatero, o Sócrates lá do sítio), como a redução dos salários, a reforma laboral e o aumento do desemprego, contribuíram para reduzir as cotizações sociais, provocando "um problema devastador para as pensões públicas".
Se essa situação é preocupante para o futuro das pensões é, pelo contrário "causa de alegria para a banca que está a tentar convencer a população que as pensões públicas não são sustentáveis ( o que quer dizer que o Estado não as poderá pagar) a fim de que se vá correr ao banco mais próximo para se fazer um plano privado de pensões".
Denuncia aquilo que os "meios de informação e persuasão não dizem sobre os Fundos de Pensão Pública", ou seja, o modo como a banca, com a conveniência dos políticos espanhóis e o silêncio cúmplice da comunicação social, cativaram aquele fundo, passando a explicar a causa de tudo:
Quando o a especulação financeira começou a derrapar e rebentou a "borbulha imobiliária", a banca privada ficou "à beira do colapso. Mas, devido à enorme influência da banca, o Estado resgatou-a", com dinheiros públicos e à custa dos cidadãos.
"Como o Estado não dispunha desse dinheiro, teve de o pedir emprestado", levando a que a "dívida pública disparasse", usando como "penhora" o dinheiro do "Fundo Público para as Pensões".
Foi essa situação que colocou em risco "as pensões públicas, pois o valor da dívida publica varia enormemente, já que está sujeito ao vaivém especulativo do mercados financeiro".
Referindo-se a Espanha (mas não podia estar a referir-se a Portugal??) aquele economista conclui que "os maiores meios de informação e persuasão passam vinte e quatro horas por dia trabalhando para assegurar que você, senhor leitor, continue sem conhecer o que se está a passar. Se as pessoas soubessem, e soubessem também que há alternativa a tanto escândalo, havia uma revolta geral. Daí que o silêncio ensurdecedor continue. E o que é pior é que os partidos políticos mais próximos da banca é provável que ganhem as eleições legislativas [em Espanha] de 20 de Dezembro (...). E a isto (...) lhe chamam Democracia" (onde é que já vimos este filme?).
Lá como cá, a diferença reside apenas nos nomes das instituições alvo de cobiça (ADSE, CGA, Segurança Social....)...
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