Já aqui exprimi as minhas dúvidas e até desconfianças sobre o êxito da
formação do actual governo de esquerda, embora lhe deseja que tudo corra pelo
melhor, para bem do país e dos portugueses que trabalham e cumprem com os seu
deveres.
Assistimos a quatro anos de radicalismo neoliberal de direita, que
destruiu a classe média, e o próprio centro político, aumentou as desigualdades sociais até níveis nunca
vistos na história recente deste país, pelo menos na sua história democrática, aumentou
a precariedade no emprego, lançou na pobreza milhares de portugueses, crianças incluídas,
fez o PIB nacional recuar décadas, vendeu ao desbarato os poucos bens públicos,
tudo em beneficio dos infractores da especulação financeira e dos foragidos ao
pagamento de impostos que lançaram o país na mais grave crise económica, social
e financeira que o país conheceu.
Nos últimos meses assistimos a essa mesma direita neoliberal num afã de
distribuição de empregos e nomeações por centenas de fiéis, sendo o caso SérgioMonteiro “apenas” a mais escandalosa “cereja em cima do bolo”.
E quando não andaram a garantir a carreira e o emprego dos amigos,
andaram a falsificar ou esconder estatísticas que lhe eram eleitoralmente ( e,
quem sabe, criminalmente) desfavoráveis, como a história da “redução” da taxa
de IRS.
E tiveram ainda tempo para “armadilhar” ao máximo, com a ajuda de Cavaco, o caminho que este governo vai ter de
percorrer para inverter a trágica situação do país.
Se tudo isso não chegasse para provar que a manutenção do governo de direita estava a conduzir o país
para um desastre irreversível, aí está a prova da atitude dessa mesma direita,
agora na oposição.
O seu verniz disfarçado atrás de vozezinhas paternalistas e falinhas
mansas, de fatinhos feitos à medida e gravatas reluzentes, disfarçando a sua
falta de patriotismo e revanchismo de bandeira portuguesa à lapela, estalou
totalmente neste dois últimos dias.
O que assistimos estes dias, no debate parlamentar, é a uma direita troglodita, mal educada, sem
respeito pelo parlamento, revanchista, caciqueira, trauliteira e radical.
Se outra razão não existisse para afastar esta gente do poder, aquilo a
que estamos a assistir no parlamento é, para além de grave, a melhor prova da
urgência em manter essa gente, por muitos e longos anos, longe do mesmo poder.
Mesmo todos aqueles que, como eu, à partida, tinham algumas dúvidas
sobre a sobrevivência (ou mesmo sobre a legitimidade) deste governo de esquerda,
fica bem evidente que, a partir de agora temos de fazer tudo para o maior êxito
desse governo.
Para bem de todos nós, esta direita do radicalismo neoliberal, que
destruiu o centro político, não pode regressar ao poder.
Seria bom, para todos nós, que dentro do PSD surgisse alguém para por
cobro ao poder dessa gente e voltasse a colocar esse partido no centro-direita,
pelo menos por respeito para com a memória de Sá Carneiro.
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