Presente numa conferência em Portugal , o conhecido economista e Prémio
Nobel Paul Krugman. Interrogado sobre a
subida do salário mínimo em Portugal, considerou-a “problemática” , recomendando “cuidado “ na forma de tomar essa
medida.
Não é a primeira vez que um dos economistas queridos de certa esquerda
portuguesa faz afirmações totalmente disparatadas sobre Portugal e que
contradiz a imagem de “economista de esquerda” que alguns lhe atribuem.
De facto, e mais uma vez neste caso, limita-se a enfileirar na ideologia dominante
entre economistas bem remunerados e que recebem fortunas como conferencistas,
em defesa da desvalorização do factor trabalho.
Começa a ser nojenta a forma como se debate a subida do miserável
ordenado mínimo em Portugal, como se viesse daí um grande escândalo, ao mesmo tempo
que se escamoteiam verdadeiros escândalos salariais, como aqueles que são pagos
a certos gestores de Bancos e de Empresas Públicas, onde o abjecto caso Sérgio
Monteiro é apenas a ponta do iceberg.
Para mim o problema não reside na subida do salário mínimo, mas no
valor de certos salários “máximos”, muitas vezes auferidos por gente
incompetente, pouco trabalhadora e que apenas beneficia desse privilégio por ter
gerido “bem” a sua carreira político-pessoal.
Há muitos anos, jovem adolescente à procura de respostas para o mundo
que descobria, lembro-me de ter perguntado ao meu pai qual devia ser a
profissão mais bem paga de todas…ele pensou um bocado e respondeu-me: “professor
universitário”.
Pessoalmente, e ao longo do tempo, foi-se consolidando a idéia de que o
meu pai tinha razão.
Acontece que, em Portugal, um professor catedrático, no topo da
carreira, em regime de exclusividade, recebe de salário bruto pouco menos de
cinco mil e quinhentos euros (não recebendo muito mais que 3 mil euros depois
de efectuados os descontos).
Parece-me evidente que este devia ser o limite de ordenados pagos no
sector público e que o privado devia ser fortemente desincentivado de pagar
muito mais que esse valor.
Ora, infelizmente não é isso que se passa na banca pública e,
principalmente, no Banco de Portugal.
Muitos dos “opinadores” que se mostram muito preocupados com a subida
do salário mínimo, auferem muitas vezes muito mais do que o tal professor catedrático,
e por isso é imoral o simples facto de opinarem sobre esse assunto, geralmente
recomendando os tais “cuidados”.
Por isso, na minha opinião, cada vez que um comentador se refere aos “cuidados”
a ter com a subida dos salários dos outros, devia exibir, como na publicidade, junto
do texto ou por baixo da imagem televisiva, uma listagem do rendimento por ele auferido,
não só para comentar, como pela sua actividade, para percebermos a
que salários abusivos eles se querem referir…
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