Parece que desta vez, finalmente, os líderes políticos mundiais
reconheceram a gravidade das alterações climatéricas e, pelo menos por agora,
se uniram para tomar medidas que evitem a anunciada e quase irreversível
catástrofe climatérica.
Todos assinaram o documento final e todos prometeram tomar medidas
drásticas para reduzir a emissão de combustíveis fósseis e os substituírem por
energias renováveis e limpas.
Mas o optimismo acaba aqui.
Em primeiro lugar, o documento só será ratificado em…2020…
Depois, nada garante que, pelo menos num dos maiores poluidores do
mundo, os Estados Unidos, uma hipotética vitória de um candidato republicano
não possa reverter todo o processo, já que todos os candidatos desse partido,
que controla o congresso e o senado, revelam-se da mais confrangedora ignorância
sobre o assunto, todos defendendo o lobbie das grandes industrias petrolíferas.
Mexer a sério nos grandes interesses poluidores do mundo, a industria
do petróleo, a industria de armamento, a industria automóvel , a industria das
madeiras e mineiras, e a industria de criação de gado, todas controladas pelo
poder financeiro mundial, provocaria um grande abano no tipo de sociedade e de
economia que “paga” o estilo de vida dos políticos, economistas, gestores e banqueiros , os mesmos que podem aplicar os
acordos.
A defesa do ambiente não se compadece, por exemplo , com o modelo de
sociedade consumista que guia o objectivo de vida da maior parte das populações
do mundo, cujos valores são propagandeados todos os dias na publicidade, nos
meios de comunicação de massa, na cultura popular e que fazem parte do “modelo
ocidental” que é vendido aos países “emergentes”.
Por último, a defesa do ambiente implica uma mais activa intervenção dos
Estados contra os grandes interesses privados e em defesa das leis ambientais,
o que implica uma inversão total da ideologia neoliberal dominante entre as
mesmas elites politicas, económicas e financeira que estiveram por detrás da
realização da Conferência de Paris.
Neste caso, é ver para crer, mas o problema é que, o tempo de inverter
a situação está a esgotar-se…
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