Á medida que mais coisas se vão conhecendo do processo BANIF, como é o
caso do que é revelado na crónica de hoje de Rui Tavares no jornal Público, que
pode ser lida integralmente AQUI, mais se percebe a irresponsabilidade do
governo Coelho-Portas e da ministra das finanças desse governo, assim como da
actual administração do Banco de Portugal.
Escreve Rui Tavares que durante três anos “o governo português foi negociador da
legislação da união a nível europeu e banqueiro principal do BANIF a nível
nacional. E os responsáveis têm nome: Pedro Passos Coelho e Maria Luís
Albuquerque sabiam que a 1 de janeiro de 2016 as regras europeias mudariam e
que, no caso do BANIF, teriam um impacto enorme sobre aforradores de uma vida
nos Açores e na Madeira e nas comunidades emigrantes oriundas destes
arquipélagos, onde o BANIF detêm uma considerável quota de mercado. Durante
todos estes anos, Pedro Passos Coelho e Maria Luís Albuquerque foram maus
governantes para Portugal e maus banqueiros para o BANIF.
“Sendo assim, o estado português chega ao fim de 2015 correndo contra o
calendário e duas soluções possíveis: ou a liquidação, com perdas certas até
3000 milhões de euros, ou a resolução, opção que foi seguida, com perdas
possíveis até 3000 milhões de euros. Pelo caminho perdeu-se a possibilidade de
tirar partido da nacionalização do BANIF e potenciar o seu valor social para as
comunidades que ele servia, provavelmente após uma ligação à Caixa Geral de
Depósitos.
“Esta não é só uma história de uma assustadora irresponsabilidade
perante factos que só poderiam ser conhecidos do governo de Pedro Passos Coelho
e Maria Luís Albuquerque. É mais assustadora ainda quando pensamos na
possibilidade, que foi real, de agora termos um governo de bloco central a
mascarar a omissão culposa de Pedro Passos Coelho e Maria Luís Albuquerque.
Pode ter havido um móbil para este arrastar da situação: a “saída limpa”, as
eleições. Mas não pode haver desculpa para Passos Coelho e Maria Luís
Albuquerque”.
Hoje o PSD, no parlamento, não tem outra “saída limpa” que não seja
deixar passar o orçamento rectificativo
apresentado pelo actual governo, que, em coerência, nunca podia ser votado pela
esquerda.
E depois, tanto Passos Coelho, Paulo Portas e Maria Luís Albuquerque, só
podem seguir o concelho do insuspeito cronista da direita e apoiante das
medidas de austeridade e da “TINA”, João Miguel Tavares (ler aqui a sua crónica “Passos Coelho tem deexplicar”) que ontem escrevia que “as declarações do primeiro-ministro [Costa]
e do ministro das Finanças não permitem segundas interpretações: eles
garantiram que o anterior governo sabia há mais de um ano da necessidade de
resolver em definitivo o problema do Banif, preferindo arrastar os pés, por
razões que se supõem eleitoralistas, o que fez aumentar significativamente o
custo da operação.
“A serem verdadeiras tais acusações, nem Passos Coelho, nem Paulo
Portas, nem Maria Luís Albuquerque deveriam voltar a ser ministros – é tão
simples quanto isso”.
E nós acrescentamos, nem nenhum deles pode voltar a exercer qualquer
cargo público e, de imediato, para salvar o que resta da face dos partidos que
lideram, deviam por os seus lugares de liderança à disposição e, com eles, levar
toda a administração do Banco de Portugal.
É o mínimo que se pode exigir , sem escamotear o recurso aos tribunais e à polícia para condenar todos os responsáveis por este processo.
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