Hermínio da Palma Inácio faleceu hoje, aos 87 anos.
Figura destacada na resistência ao salazarismo, protagonizou algumas das acções mais espectaculares dessa luta, como a participação no primeiro desvio de um avião, por razões políticas, em 10 de Novembro de 1961, a partir do qual foram lançados milhares de panfletos sobre Lisboa, apelando a um levantamento contra o regime, ou no célebre assalto ao Banco de Portugal, na Figueira da Foz.
A sua acção “anti-fascista” caracterizou-se por introduzir um novo tipo de luta baseada na guerrilha urbana, destacando-se do tipo de acção de outras tendências da oposição, como as levadas a cabo pelos republicanos, socialistas e comunistas, mais pacíficas e, muitas vezes, semi-legais.
Natural de Ferragudo, pertencendo a uma família de ferroviários, viveu a sua juventude na localidade algarvia de Tunes.
Fundou o grupo revolucionário, de tendência “guevarista”, LUAR (Liga de Unidade e Acção Revolucionária) que se transformou num partido legal após o 25 de Abril, muito activo no chamado “Verão Quente” de 1975.
Passados os anos da revolução, a maior parte dos seus dirigentes aproximou-se do Partido Socialista. Palma Inácio foi deputado, eleito nas listas deste partido.Pessoalmente, tendo militado na LUAR em 1975, depois de ter rompido com o PS, cruzei-me algumas vez com Palma Inácio, uma figura carismática durante a minha juventude, embora nunca tenha falado com ele, já que o “controleiro” da célula de Torres Vedras era o Fernando Pereira Marques.
Numa determinada ocasião, sendo ainda militante da LUAR, fui pessoalmente agredido por um “ferro em brasa” do PCP, aqui em Torres Vedras. Contaram-me, embora nunca o tenha conseguido confirmar, que o próprio Palma Inácio se terá deslocado à sede do PCP (penso que em Lisboa) a exigir explicações por essa agressão de que fui vítima.
Em comparação com as restantes organizações da chamada extrema-esquerda (ou esquerda revolucionária), nomeadamente em relação aos chamados M-L, a LUAR, após o 25 de Abril, foi sempre uma organização profundamente democrática, quer nas relações internas, quer no modo como se relacionava com as restantes tendências políticas.
A mim, a passagem por essa organização, liderada por Palma Inácio, a última onde militei, ensinou-me que se pode ser radical e revolucionário, respeitando a democracia, o pluralismo e a liberdade.
Palma Inácio nunca se aproveitou do seu prestígio na esquerda para retirar benefícios pessoais, sendo um exemplo maior de um revolucionário romântico.
Até sempre Palma Inácio!
Figura destacada na resistência ao salazarismo, protagonizou algumas das acções mais espectaculares dessa luta, como a participação no primeiro desvio de um avião, por razões políticas, em 10 de Novembro de 1961, a partir do qual foram lançados milhares de panfletos sobre Lisboa, apelando a um levantamento contra o regime, ou no célebre assalto ao Banco de Portugal, na Figueira da Foz.
A sua acção “anti-fascista” caracterizou-se por introduzir um novo tipo de luta baseada na guerrilha urbana, destacando-se do tipo de acção de outras tendências da oposição, como as levadas a cabo pelos republicanos, socialistas e comunistas, mais pacíficas e, muitas vezes, semi-legais.
Natural de Ferragudo, pertencendo a uma família de ferroviários, viveu a sua juventude na localidade algarvia de Tunes.
Fundou o grupo revolucionário, de tendência “guevarista”, LUAR (Liga de Unidade e Acção Revolucionária) que se transformou num partido legal após o 25 de Abril, muito activo no chamado “Verão Quente” de 1975.
Passados os anos da revolução, a maior parte dos seus dirigentes aproximou-se do Partido Socialista. Palma Inácio foi deputado, eleito nas listas deste partido.Pessoalmente, tendo militado na LUAR em 1975, depois de ter rompido com o PS, cruzei-me algumas vez com Palma Inácio, uma figura carismática durante a minha juventude, embora nunca tenha falado com ele, já que o “controleiro” da célula de Torres Vedras era o Fernando Pereira Marques.
Numa determinada ocasião, sendo ainda militante da LUAR, fui pessoalmente agredido por um “ferro em brasa” do PCP, aqui em Torres Vedras. Contaram-me, embora nunca o tenha conseguido confirmar, que o próprio Palma Inácio se terá deslocado à sede do PCP (penso que em Lisboa) a exigir explicações por essa agressão de que fui vítima.
Em comparação com as restantes organizações da chamada extrema-esquerda (ou esquerda revolucionária), nomeadamente em relação aos chamados M-L, a LUAR, após o 25 de Abril, foi sempre uma organização profundamente democrática, quer nas relações internas, quer no modo como se relacionava com as restantes tendências políticas.
A mim, a passagem por essa organização, liderada por Palma Inácio, a última onde militei, ensinou-me que se pode ser radical e revolucionário, respeitando a democracia, o pluralismo e a liberdade.
Palma Inácio nunca se aproveitou do seu prestígio na esquerda para retirar benefícios pessoais, sendo um exemplo maior de um revolucionário romântico.
Até sempre Palma Inácio!
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