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quinta-feira, 2 de julho de 2009

Cinco anos sem Sophia de Mello Breyner Andresen


Recordo-me, no dia em que foi atribuido o prémio Nobel da Literatura a José Saramago, deste escritor referir que a única pessoa em Portugal que teria merecido receber esse prémio era Sophia de Mello Breyner (recordo-me também da atitude mal-criada e deselegante de Miguel Sousa Tavares nesse mesmo dia, mas isso é outra história).
Hoje, quando passam cinco anos do desaparecimento de Sophia, recordamos aqui um dos seus poemas mais actuais:



Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.


Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.


Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.




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